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Vídeo: Adotado, Bruce agora precisa superar os traumas

Poodle foi encontrado em obra e recuperação é lenta; veterinária explica que cachorros tem memória de uma criança de dois anos

1 FEV 2017 • POR Fernanda Palheta e Liziane Berrocal • 10h29
Reprodução

Depois de contar a história de transformação do poodle “marrom” que foi resgatado há duas semanas, o JD1 Notícias acompanha a adoção de Bruce, que mesmo com dificuldades tem a possibilidade de um final feliz. E são muitas dificuldades, já que segundo a veterinária Adriana Denadai, um cachorro tem a memória de uma criança de dois anos. 

“O tratamento é muito amor, muito carinho e paciência”, conta ela. E é isso que a auxiliar administrativa Marília Fernanda, de 27 anos, que quando conheceu a história do Bruce e não teve dúvidas em adotá-lo. “Eu já tenho um cachorro que foi resgatado e quando vi a história do Bruce quis adotar”, conta. 

Bruce foi encontrado no dia 19 de janeiro em uma obra na saída de Campo Grande, estava ferido e com febre. “Ele estava bem ferido e logo no primeiro dia, na quinta-feira, quando fui fazer os curativos ele ficou arisco e quis avançar em mim”, relata. O poodle ainda tentou avançar na filha de quatro anos da nova dona.  

Mesmo com as dificuldades Marília não mudou de ideia. “Eu vou ficar com ele. Vi que o momento de fazer os curativos era bem difícil, já que ele está muito machucado, é quase uma tortura. Ele estava arisco e com muito medo. Então eu decidi leva-lo para a Clínica novamente para ele ficar bem antes de voltar para casa”, contou. 

O cachorro chamou atenção, pois quando foi encontrado estava tão sujo e cheio de lama, que todos pensavam que ele era marrom. Então, quando tomou um banho e foi tosado, a surpresa veio, já que Bruce é de pelagem preta. 

                       A transformação de Bruce chamou a atenção de todos

Traumas preocupam quem trabalha voluntariamente com proteção animal

A protetora Bruna Rajão, que ajudou a divulgar a história de Bruce disse que ficou preocupada com a situação. “Ele está muito machucado ainda, e para ela fazer os curativos precisa mexer nas feridas, desse jeito ela não vai ganhar a confiança dele”, explicou.

A protetora ainda falou que esta essa uma situação comum entre os animais que são abandonados. “Todo animal que a gente resgata na rua já tem algum tipo de trauma, as vezes é maior, as vezes é menor, depende do tempo que ele ficou na rua. E as vezes antes de ir pra rua ele já sofria maus tratos em casa”, afirmou.

Bruna conta que as pessoas que querem adotar um animal que estava abandonado “acham que ele vai chegar feliz”, mas normalmente e não é isso que acontece. “A pessoa tem que saber que o animal que ela adota precisa confiar novamente no ser humano, tem que saber que não vai ser mau trato”, explicou.

Uma lição que a pequena Amanda, filha de Marília, já aprendeu. “Ela assustou no começo, quando ele avançou nela, mas hoje ela fala pra todo mundo que tem um novo cachorro e que ele está hospital, que ele vai sarar e vai brincar com ele”. Amanda ainda explica para todos o que aconteceu, “ele ficou bravo porque estava com medo e ainda não entende que a gente só quer fazer curativo”. 

Marilia sabe que a situação no começo da adoção é não fácil, mas não vai desistir. “Eu vou continuar com ele, e sei que mais cedo ou mais tarde ele vai acalmar e vai ter uma casa com muito amor e carinho”, ressaltou.

A protetora ainda falou que os novos donos é quem deve mudar essa situação. “E cabe a população que vai adotar esses animais abandonados saber desse problema, dessa limitação. Que quem tem que ajudar o animalzinho é o próprio ser humano que está adotando que tem que saber lidar com isso”, concluiu.

Veterinária explica que traumas são parecidos com de seres humanos

A veterinária Adriana Denadai explica que os animais tem reações instintiva e traumas são comuns em casos de violência e abandono, inclusive a agressividade. “O medo excessivo ou a agressividade, é a forma que eles encontram de defesa, sempre digo que um cachorro tem a inteligência de uma criança de dois anos, e memória sim”, explica. 

A profissional aponta ainda que não é possível determinar o que vai trazer uma crise. “Pode ser cordas, correntes, fios, até mesmo crianças, porque muitos são maltratados de forma muito violenta, que é triste de descrever”, lamenta. 

Para Adriana, o problema pode ser tratado com florais. “São indicados para isso, para acalmar, há uma medicina bastante avançada nesse sentido e cada dia descobrem novos caminhos, mas ainda assim, o amor, paciência e muito carinho, para que o animal perceba que dessa vez será diferente”, aconselha.

Confira o vídeo que a protetora fez mostrando os danos do abandono: