Dados da PF desmentem "genocídio" indígena
22 FEV 2017 • POR Da redação • 09h16Os números de índios mortos em conflitos por terras sempre geraram desavenças, e mais uma vez, há contestação sobre o que é apresentado por relatórios dos órgãos de proteção indigenista.
Durante os últimos anos, foi vendido para a opinião publica, a "realidade" de violenta repressão aos índios no campo. Já se falou em mais de 300, mais de 400, e até em mais de 600 índios mortos nos últimos cinco anos, como a "prova" que um massacre acontece diariamente nos campos de Mato Grosso do Sul, sempre em desfavor dos nativos.
No entanto, um relatório da Polícia Federal, ainda não divulgado, e com sigilo de fonte, fez um levantamento minucioso, para autoridades federais e demonstram exatamente o contrario, na verdade são apenas quatro, isso mesmo, quatro os índios que foram mortos em conflitos com fazendeiros. Todas as outras mortes são oriundas de outros fatores, principalmente de brigas entre os silvícolas.
Dados do CIMI (Conselho Indigenista Missionário) contestam esta informação da Polícia Federal. Segundo relatório divulgado somente em 2015, 20 índios foram assassinados em Mato Grosso do Sul. A quantidade de mortos pouco diminuiu em relação a 2014, onde 25 índios foram mortos. O número faz com que o Estado concentre mais de 60% dos assassinatos de indígenas do Brasil.
O relatório mostra ainda que em 2015 Mato Grosso do Sul também foi palco do maior número de tentativas de assassinatos. As ocorrências se devem em boa parte aos conflitos relacionados à disputa pela terra e por ofensivas realizadas a comunidades inteiras. Foram registrados ataques nos município de Antônio João, Douradina, Paranhos, Iguatemi, Douradina, Naviraí, Caarapó, Coronel Sapucaia e Jutí.
No final de 2015 foi criada na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar possíveis envolvimentos do CIMI em invasões de propriedades particulares. CPI foi presidida pela deputada Mara Caseiro (PSDB), teve como relator o deputado Paulo Corrêa (PR) e como vice-presidente o deputado Marquinhos Trad (PSD).
Para a criação de uma CPI, a casa de leis exige que haja um fator determinante que justifique essa comissão, e segundo os membros os fatos determinantes que motivaram a instalação da CPI foram as suspeitas de atuação CIMI em atos de incitação e financiamento de invasão de propriedades particulares por indígenas no Mato Grosso do Sul. O relatório final de 222 páginas foi entregue em maio de 2016 à Mesa Diretora da Assembleia e pediu a punição de 18 pessoas.
A redação do JD1 Notícias entrou em contato com o Cimi e foi informada que desde 2012 o Conselho complementa as informações reunidas por sua equipe com os dados oficiais da Sesai (Secretaria Especial da Saúde Indígena) a respeito do assassinato de indígenas no Brasil. Porém, segundo informado, o Cimi não restringe os dados de assassinatos contra indígenas àqueles praticados durante situações de conflito fundiário direto, por considerar esta metodologia restritiva e insuficiente.