Opinião

Psicologia Positiva – Conhecendo um pouco mais desse novo campo

21 JUL 2017 • POR Sálua Omai • 08h39

A Psicologia Positiva é um movimento recente dentro da ciência psicológica, iniciado no final dos anos 90, pelo psicólogo e ex-presidente da Associação Americana de Psicologia, Martin Seligman, e que hoje, é conhecida por muitos como a “Ciência da Felicidade”. O objetivo dessa teoria é fazer com tanto o cliente como o psicólogos mudem seu enfoque da doença para os potenciais, as motivações e as capacidades humanas,  enfatizando mais a busca pela felicidade humana do que o foco na doença mental.

Em primeiro lugar, essa teoria não tem nada a ver com teorias ligadas ao “pensamento positivo” ou ao simples ato de ser otimista em todas as circunstâncias cegamente, o que na verdade, são maneiras “forçadas” e de certa forma, superficial, de se obter o bem-estar. Além disso, é uma Ciência que em momento algum nega ou se propõe a extinguir eventos ou emoções negativas do ser humano, mas sim, trazer conceitos e práticas que orientam como cultivar mais emoções positivas no dia-a-dia,  auxiliando o cliente profundamente a lidar e superar eventos negativos com mais facilidade de modo a causar menos impacto na sua saúde emocional e psíquica, e prevenindo a evolução para transtornos de maiores dimensões.

 De acordo com Seligman, após a 1ª e 2ª Guerra Mundial, em virtude do grande número de soldados e famílias que tiveram perdas humanas, houve uma busca maior na Psicologia na Europa e na América do Norte, no sentido de curar doenças mentais diversas, associadas de maneira direta ou indireta a eventos trágicos e traumatizantes ligados a esses acontecimentos. A partir daí, o campo da Psicologia acabou se concentrando no tratamento da doença e de tudo que saía da normalidade psíquica, no sentido de fazer o paciente voltar ao estado de normalidade. Em razão disso, deixou-se de se explorar as potencialidades e forças próprias do indivíduo de modo a fazê-lo usar as qualidades que ele já possui de forma natural, mas que não sabe que tem ou de algum modo não aprendeu a explorar da forma ideal.

A Psicologia Positiva hoje se propõe a focar mais nas forças do que nas fraquezas. Busca promover mais as qualidades do viver do que reparar o que vai mal.  Dessa forma, está direcionada para a identificação e compreensão das qualidades e virtudes humanas, bem como ao auxílio no sentido de que as pessoas tenham vidas mais felizes e mais produtivas. Não se trata de auto-ajuda, como alguns pensam, mas sim de uma abordagem ligada a tudo aquilo que possa tornar a vida mais plena e feliz. É uma ciência totalmente embasada em medições e pesquisas científicas, tendo assim, a característica central de ter todas suas aplicações empiricamente testadas e baseadas cientificamente, com o mesmo rigor de qualquer outra ciência tradicional, sobretudo pelo fato de a Psicologia Positiva ser um ramo de estudo da própria Psicologia, porém, com um enfoque e intervenções clínicas e práticas diferentes da psicoterapia tradicional.

De forma bem sucinta, a Psicologia positiva está baseada em cinco pilares principais: emoções positivas, relacionamentos positivos, engajamento, propósito e realização, além de outros componentes complementares como o mindfulness, as forças de caráter, talentos e pontos fortes, e etc. As aplicações práticas dessa teoria podem ser aplicadas tanto em sessões de psicoterapia como, em alguns casos, no coaching, desde que sejam direcionadas de forma correta por um profissional capacitado.

Desse modo, ao invés do indivíduo continuar sofrendo com fatos que já aconteceram, ficar remoendo algo que passou e permanecer um longo tempo buscando compreender fatos negativos e dificuldades da vida, sejam eles ligados à infância ou ao momento atual, a Psicologia Positiva ensina que fatos negativos não são permanentes, mas sim, como tudo na vida, podem ser provisórios e dependem da forma como a pessoa os interpreta. Assim, desde que a pessoa não fique “presa” naquilo, existem diversos recursos que ela pode utilizar para superar e encontrar crescimento e motivação nos eventos vividos, sejam eles bons ou ruins.

A próxima geração de psicólogos junto com Martin Seligman, estão trabalhando cientificamente para estudar os efeitos das emoções positivas e as formas como essas emoções podem afetar a saúde, a performance do indivíduo, seja no âmbito pessoal ou profissional, e sobretudo, à satisfação com a vida em geral. O mais interessante é saber que, além das novas descobertas a cada dia sobre esse campo das emoções, é saber que esses estudos tem mostrado que a felicidade é algo que pode ser tanto ensinado, aprendido e praticado pelo cliente, ao invés de ser algo simplesmente que as pessoas esperam acontecer de repente em suas vidas.

 

(*) Sálua Omais é Psicóloga com Mestrado em Psicologia da Saúde e Saúde Mental, Master Coach e Trainer Internacional em Psicologia Positiva, Neurossemântica e PNL.