Opinião

Aprendendo a gostar mais do nosso trabalho

29 JAN 2018 • POR Sálua Omais • 15h37

Voltar a trabalhar, após algumas semanas de recesso, para alguns é algo árduo, mas, para outros pode ser uma verdadeira alegria. De acordo com alguns estudos, as pessoas enxergam seu trabalho basicamente de três formas: como um emprego, como uma carreira ou como um chamado. 

Pessoas que vêem seu trabalho como um emprego, geralmente estão apenas interessadas nos benefícios e incentivos materiais que irão receber, ou em outras recompensas. Isso não é nenhum pecado, aliás, é necessário para todos nós. O problema é que nesse caso, a pessoa não consegue criar um vínculo com o trabalho, pois não o considera importante, mas ao contrário, acha algo chato e entediante, sendo simplesmente um meio para se obter recursos para suprir suas necessidades e de sua família. Logo, a única forma de motivá-las é por meio de incentivos financeiros. Pessoas que vêem seu trabalho como uma carreira, tendem a focar nos benefícios a longo prazo ligados ao seu progresso profissional, ao sucesso e ao status, conquistados por meio de títulos e promoções, e visam alcançar uma posição de respeito em função de sua competência técnica. Já aqueles que compreendem o trabalho como um chamado, acreditam que ele não representa apenas sucesso e dinheiro, mas sim a sua identidade, sua missão. Essas pessoas tendem a desenvolver melhores relacionamentos no trabalho, terem menos absenteísmo, menos problemas de saúde, mais motivação, e uma maior satisfação pessoal e profissional.

É claro que uma pessoa pode ter o interesse nas três categorias simultaneamente, mas o que a pesquisa demonstra é que, muitas vezes, quando o trabalho é visto como um chamado, isso faz com que a pessoa persista mais e não desista diante da primeira dificuldade ou obstáculo, já que existe algo a mais que a conecta com sua função. Além disso, pesquisas mostram que essa classificação independe do nível do cargo que a pessoa exerce, isto é, pode ser que um médico ou um advogado exerça sua profissão apenas como um mero emprego e não como um chamado, assim como é possível que um garçom enxergue seu trabalho como um chamado, entendendo que servir às pessoas seja algo de extremo valor (aliás, quantos de nós já não fomos surpreendidos pela gentileza e presteza de alguns garçons).

A boa notícia é que uma mudança de significado pode mudar uma vida e o valor do nosso trabalho. Isso quer dizer que, caso você REALMENTE precise do seu trabalho, mesmo não gostando, o único jeito, é dar um novo significado a ele. Basta se perguntar por que o seu trabalho existe? Para que serve? A partir do momento que você descobre como o seu trabalho melhora a vida das pessoas, você provavelmente vai começar a realiza-lo de outra forma, com mais orgulho e mais satisfação pessoal, mesmo que você tenha um chefe horrível, ou trabalhe num lugar horroroso. 

A conclusão que se tem diante disso tudo é que, mais uma vez, a forma como uma pessoa valoriza o trabalho está diretamente ligada ao nível de importância e significado que ela dá a ele, e é isso que irá direcionar o nível de comprometimento que ela tem dentro da empresa ou organização. Esses dados são muito relevantes para líderes e diretores de empresas, pois possibilita que se compreenda porque cada funcionário age de modo diferente no trabalho, e como usar diferentes estratégias motivacionais para cada perfil, já que o que motiva um, pode não funcionar para o outro da mesma forma. 

Sálua Omais é Psicóloga com Mestrado em Psicologia da Saúde e Saúde Mental, Master Coach e Trainer em Psicologia Positiva, Neurossemântica e PNL. É titular do site www.psicotrainer.com.br onde escreve artigos diversos sobre Psicologia Positiva, Coaching e Inteligência Emocional.