Cultura

Com aulas de jazz e teatro, presídio aposta na cultura como meio de inclusão social

6 JUN 2012 • POR Keila Oliveira • 10h14

A arte como meio de transformar vidas. Com essa proposta tiveram início esta semana oficinas culturais no Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi”, na Capital, promovidas por meio de parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) e a Fundação Municipal de Cultura (Fundac).

Cerca de 60 reeducandas estão participando do projeto “Arte para todos”, com aulas de jazz e teatro. As oficinas acontecem todas as segundas e quartas-feiras, respectivamente, no período vespertino, entre as 13h30 e 17h30. Conforme a diretora do presídio, Mari Jane Boleti Carrilho, os critérios para a seleção das participantes foram boa disciplina e interesse.

A solenidade de abertura do projeto foi realizada nessa terça-feira (5), com a presença do diretor-presidente da Agepen, Deusdete Oliveira, e da presidente da Fundac, Maria de Fátima Ribeiro. Foram realizadas apresentações de dança com o grupo “Ballet Só Dança Auxiliadora (fotos), desenvolvendo passos de jazz e dança do ventre, e show musical de Michele e Banda.

Segundo a presidente da Fundac, o “Arte para Todos” é um projeto de cunho social, que trabalha a cultura como meio de inclusão. “Estamos levando a arte à população menos favorecida, à periferia, e agora aqui no presídio feminino, como uma forma de resgate da cidadania”, destacou.

Para o diretor-presidente da Agepen, as parcerias estabelecidas são muito positivas para as ações de reinserção social. “Temos na Prefeitura de Campo Grande, principalmente por meio de sua Coordenadoria da Mulher e da Fundação de Cultura, uma importante parceira, no sentido de trazer ações que buscam a valorização dessas mulheres como pessoas e, consequentemente, a ressocialização”, disse.

Durante as aulas de teatro, as internas estudarão peças de autores renomados, e conforme o desenvolvimento será escolhido um texto para ser interpretado, sendo o foco principal a identificação com a arte, como informou o coordenador de teatro da Fundação, Paulo Preche. “O teatro é uma das artes mais completas, tem todo um comportamento social, e vai ajudá-las no sentido de fortalecer a autoestima, melhorar a postura, dicção e desinibição”, destacou Preche.

As aulas serão coordenadas pelo ator e oficinista da Fundac, Yago Garcia, com a colaboração da instrutora Roma Romã. Segundo o oficinista, a ideia é trabalhar muito mais do que técnicas de interpretação. “Despertaremos uma autorreflexão, quebra de tabus e essa mudança de percepção que a arte por si só proporciona”, explicou Garcia.

Ministradas pela professora Suzana Leite, as aulas de jazz envolverão técnicas de alongamento e consciência corporal e de ritmo. “Inicialmente trabalhamos com ritmos variados, como o mambo, xaxado e samba, para depois iniciarmos realmente com os passos de jazz”, esclareceu a professora. “A dança será muito positiva para elas, pois beneficia a saúde mental e corporal. Dançar é um benefício para o corpo, mente e alma”, enfatizou.

A paraibana Janaína da Silva, 26 anos, presa há cerca de seis meses no presídio por tráfico de drogas, está participando das aulas de jazz e acredita que a experiência será muito benéfica para enfrentar o dia a dia na prisão. “Ajuda a ocupar a mente e melhorar a autoestima da gente. Isso com certeza também deixa o presídio mais calmo porque nós presas percebemos que não estamos abandonadas, que existe uma preocupação, um interesse por nós”, afirmou, revelando que também participará do curso básico de cabeleireiro, previsto para ter início no próximo dia 11 no estabelecimento penal.

De acordo com coordenadores da Fundac, as aulas prosseguem até dezembro deste ano. Em novembro está programada a realização de uma apresentação ao público de um espetáculo montado com as reeducandas, como forma de demonstrar o resultado das oficinas.

Via Notícias MS