Opinião

Perfeccionismo: por que nunca está “bom o suficiente”?

25 JUN 2018 • POR Sálua Omais • 09h03

Feito é melhor do que perfeito. Um dos lemas dos empreendedores da atualidade, e foi isso que fez com que tantas startups e empresas dessem o pontapé inicial aos seus negócios. O problema de um perfeccionista é que o maior sabotador é ele próprio. É a própria pessoa quem torna mais difícil o trabalho que deseja realizar, e corre o risco de no final não conseguir alcançar o melhor de si. Perfeccionistas sem dúvida passam por um estresse diário maior. Alguns dos traços característicos de uma pessoa assim, é o pensamento tudo ou nada. Perfeccionistas, como grandes empreendedores, tendem a estabelecer metas altas e trabalham duro como eles, mas tem uma certa rigidez e pouca flexibilidade para se adaptar ao imprevisto. A diferença é que um grande empreendedor pode estar satisfeito em fazer um ótimo trabalho e alcançar a excelência (ou algo próximo), mesmo que seus objetivos muito altos não sejam completamente atingidos, enquanto que, para um perfeccionista clássico, o “mais ou menos” ou o “bom” é sinônimo de “ruim”.

Perfeccionistas são muito mais críticos, tanto de si como dos outros. Enquanto os grandes realizadores se orgulham de suas realizações e tendem a apoiar os outros, os perfeccionistas tendem a detectar pequenos erros e imperfeições em seu trabalho e em si mesmos, assim como no trabalho dos outros. Eles se debruçam sobre essas imperfeições e têm dificuldade em ver qualquer outra coisa, sendo ainda mais críticos e duros quando ocorre um "fracasso", além de não saber lidar com as críticas construtivas das pessoas ao seu redor.

Pessoas comuns ficam felizes e satisfeitas com pequenas vitórias ou com qualquer passo dado na direção certa, enquanto perfeccionistas muitas vezes buscam metas ou conquistas grandiosas demais ou muito sofisticadas, ao invés de se satisfazer com conquistas mais simples. Os objetivos de um perfeccionista nem sempre são razoáveis, definindo metas iniciais que muitas vezes são irreais ou muito complexas, e isso, por sua vez, alimenta a procrastinação, e algumas vezes, a inércia, já que a busca por fazer algo grande demais, torna o trabalho ainda mais árduo e pesado.

Outra característica é o fato de perfeccionistas serem mais intolerantes ao erro, vendo as falhas como algo pessoal, ao invés de uma oportunidade de crescimento. Isso pode ser um sinal de baixa autoestima, e provocar nessas pessoas um isolamento social que elas mesmas constroem para si. Em razão disso, acabam sendo menos felizes e descontraídos, já que a auto cobrança e a autocrítica acaba tornando-os tensos a maior parte do tempo.  Enquanto pessoas comuns se recuperam rapidamente da decepção, os perfeccionistas tendem a mergulhar em sentimentos negativos quando suas altas expectativas não são satisfeitas. a busca por resultados positivos sempre, torna mais difícil momentos de frustração, fazendo com que o fracasso seja visto sob uma perspectiva muito mais assustadora do que realmente é.

 

Sálua Omais é Psicóloga e Palestrante, com Mestrado em Psicologia da Saúde e Saúde Mental, Master Coach e Master Trainer em Psicologia Positiva, Neurossemântica e PNL. É titular do site www.psicotrainer.com.br onde escreve artigos diversos sobre Psicologia Positiva, Coaching e Inteligência Emocional.