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IV Mostra Sustentável: livro apresenta hábitos de consumo do campo-grandense

7 JUN 2012 • POR Denilson Secreta • 10h13
Livro também será lançado na Rio+20

Como parte da programação de abertura da IV Mostra de Soluções Sustentáveis - maior evento de meio ambiente promovido pela Prefeitura da Capital -, foi lançado o livro “A pegada ecológica de Campo Grande e a família de pegadas”. Coordenada pela WWF-Brasil, a pegada é uma metodologia utilizada para medir os “rastros” que nós deixamos no planeta, a partir de nossos hábitos de consumo. A cidade foi pioneira neste trabalho.

A Pegada ecológica de um país, estado, cidade ou pessoa corresponde ao tamanho das áreas produtivas terrestres e marinhas necessárias para produzir e sustentar determinado estilo de vida. É uma forma de traduzir, em hectares, a extensão do território que uma pessoa ou população de uma cidade, estado ou país utiliza, em média, para sustentar suas formas de alimentação, moradia, locomoção, lazer, consumo, entre outros. A metodologia está sendo aplicada em várias cidades do mundo. No Brasil, Campo Grande foi o primeiro município a adotar o cálculo.

A escolha
Entre os fatores que contribuírem para escolha de Campo Grande para fazer a pesquisa sobre a pegada está o fato de ser a capital do Estado brasileiro que abriga a maior parte do Pantanal, uma região de extrema importância pela sua enorme riqueza ambiental, mas também ameaçada pela degradação que o consumo exagerado vem causando. Embora Campo Grande esteja na borda do Pantanal e não dentro dele, os impactos causados pelas escolhas de consumo dos moradores da cidade, assim como de outras partes do Brasil e do mundo, têm reflexos sobre ele.

De acordo com os coordenadores da pesquisa, a capital de Mato Grosso do Sul apresentou condições ideais para a realização deste trabalho por possuir um perfil parecido com o de outras cidades brasileiras, nas quais é possível direcionar o planejamento urbano. Eles acreditam que a experiência pode servir de modelo para outras prefeituras que também tenham interesse em desenvolver a metodologia, ampliando esse trabalho para uma escala maior, em âmbito regional ou nacional.

“Mas o mais importante foi o interesse e disposição da Prefeitura de Campo Grande, no estabelecimento dessa parceria, sem a qual não poderíamos realizar esse trabalho”, destacam Michael Becker e Maria Cecília Wey de Britto, respectivamente coordenador do Programa Cerrado-Pantanal do WWF-Brasil e secretária-geral do WWF-Brasil. Os ambientalistas também consideraram fundamental o apoio do Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômicas e Sociais (Nepes) da Universidade Anhanguera-Uniderp, que forneceu dados atualizados da Pesquisa de Orçamento Familiar.

Na apresentação do livro, Michael e Maria Cecília destacam que o cálculo da pegada não tem como objetivo fazer um retrato negativo da cidade. “Nossa intenção é oferecer uma ferramenta para melhorar a gestão pública, mobilizar a população a rever seus hábitos de consumo e escolher produtos mais sustentáveis, bem como dialogar com o empresariado, estimulando as empresas a melhorarem suas cadeias produtivas. Não restam dúvidas de que, em longo prazo, é necessário diminuir o consumo de recursos naturais”, destacam os ambientalistas.

O desafio
Por parte da Prefeitura de Campo Grande, foi a crença no potencial da metodologia, principalmente no planejamento urbano da cidade e na gestão pública, que a levou, junto com o WWF-Brasil, a assumir o desafio de ser a primeira cidade brasileira a ter esse cálculo. “Acreditamos que ao fazer este diagnóstico temos a oportunidade de medir os impactos causados pela pressão do consumo humano sobre os recursos naturais e planejar, em tempo, ações ambientais que melhorem a qualidade de vida dos cidadãos campo-grandenses”, argumenta o prefeito Nelson Trad Filho sobre a participação da cidade na pesquisa.

A maior parte da Pegada Ecológica da população de Campo Grande está associada à alimentação e serviços, especialmente restaurantes, o que reflete os hábitos alimentares do campo-grandense. O morador da cidade gasta 13% a mais em carnes do que o brasileiro em geral, configurando-se como um dos maiores consumidores do mundo, com quase 90 kg per capita por ano, mais do que o dobro da média mundial. Contudo, a análise dos dados relativos à Pegada Ecológica só faz sentido se for considerado o contexto cultural e socioeconômico buscando, desta forma, caminhos sustentáveis para a utilização de recursos naturais renováveis.

Distribuição
O livro “Pegada Ecológica de Campo Grande e as famílias de pegadas” está sendo distribuído na IV Mostra de Soluções Sustentáveis. A publicação também será distribuído em todas as escolas e, nacionalmente, será lançada durante a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a ser realizada de 13 a 22 de junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro.

Via CG Notícias