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Greve e frete podem tirar até 30% da receita de exportadores de grãos

7 JUL 2018 • POR Da redação com assessoria • 13h14

A greve dos caminhoneiros e a indefinição sobre o tabelamento do frete rodoviário devem causar perdas de 10% a 30% na receita dos exportadores de grãos no Brasil neste ano. Foi o que afirmou o conselheiro da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Luiz Barbieri, para quem a situação é um dos principais pontos de incerteza para o setor no momento.

“O tabelamento do frete preocupa muito porque atinge todos os setores da economia e diretamente o nosso, de exportadores de commodities. Se pode tabelar o frete, o que vem depois?”, questionou, em entrevista coletiva no 8º Encontro de Previsão de Safra Anec/Anea, que reuniu exportadores de cereais e de algodão, em São Paulo (SP).
 
Segundo ele, os exportadores de grãos sofreram um duplo impacto com a greve dos caminhoneiros. O primeiro foi o dos mais de dez dias sem movimentação de cargas, que causou perda de receita para o setor. O segundo está na diferença em que o que era estimado em relação ao custo do transporte e ao que pode ser definido com o chamado tabelamento.
 
“Faz 60 dias que a gente não faz mais nada do que ficar preocupado com o tabelamento do frete. A greve trouxe um impacto significativo nos resultados dos associados da Anec”, afirmou Barbieri.
 
Ele pontuou, no entanto, que os exportadores estão conseguindo movimentar soja rumo aos terminais de exportação. Como começou a colheita do milho, a necessidade de escoar o que ficou represado nos armazéns deu suporte ao frete, em patamares superiores aos valores de referência proposta pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
 
“Cada associado tem trabalhado de uma forma. Como há um entendimento jurídico de que não tem uma tabela válida, há os que estão praticando preços de mercado. Tem empresas que não entendem dessa forma e não estão transportando”, relatou o conselheiro da Anec.
 
O problema maior está no frete de retorno, quando são trazidos os fertilizantes necessários para o plantio da próxima safra. Situação que coloca mais um ponto de incerteza sobre a safra 2018/2019, que ainda será plantada. “O produtor rural percebeu que a rentabilidade da safra que vai ser plantada está comprometida. Tem um risco enorme para a cadeia, do impacto sobre a tecnologia no próximo plantio”, disse Barbieri.