Polícia

PCC acompanha execuções em tempo real dentro das cadeias

Os alvos preferidos nos julgamentos são membros do Comando Vermelho

20 JUL 2018 • POR Redação com informações do Uol • 09h54
‘Babidi’ foi decapitado a mando do PCC - Reprodução/facebook

Integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) acompanham os assassinatos realizados pela facção criminosa em tempo real em todo o país.

"Picotar é o de praxe, meu mano, se caso der. Se não der, só arranca a cabeça ali, tá tranquilo."  

A ordem acima foi emitida no dia 7 de outubro de 2017 durante uma conferência por celular na qual participaram chefes do PCC. Eles decidiam o destino de um integrante da organização rival, Comando Vermelho, capturado em Campo Grande.

A mensagem para "picotar" o rival, era sobre a execução de Rudnei da Silva Rocha, de 22 anos, conhecido como Babidi. Ele foi torturado durante duas horas para que passasse informações sobre seus comparsas, sendo ameaçado:

"Ou você oculta e deixa eles vivos e você morre, ou você abre o coração, sai vivo, e nois vai arregaça todos eles (sic)", disse um membro do PCC.

O corpo de Babidi foi encontrado por policiais, enrolado em um colchão, apresentava marcas de tortura e estava decapitado. 

Interceptados

A conferência foi interceptada durante as investigações da Operação Echelon, que mostra o funcionamento de um "tribunal do crime" no qual os rivais acabam torturados e sentenciados à morte por líderes da facção, que acompanham os assassinatos em tempo real.

De acordo com denúncias do Ministério Público de São Paulo constam diversos flagrantes das "sessões de julgamento" do PCC realizadas por todo o país. Há casos relatados também no Ceará, Roraima, Amapá e Mato Grosso, por exemplo.

Nas ligações, os chefes do PCC comandam as ações, mesmo alguns deles estarem presos em presídios com bloqueadores de celulares.

Tortura e assassinato 

Os alvos preferidos nos julgamentos flagrados nas denúncias são membros do Comando Vermelho. Desde o segundo semestre de 2016, as duas maiores facções criminosas entraram em guerra pelo domínio das principais rotas de tráfico de drogas e armas e da massa carcerária do país.

Os chefes do PCC ordenam que os adversários sejam torturados nos interrogatórios. Após as execuções, os assassinos enviam aos chefes fotos e vídeos dos corpos, de preferência com as cabeças arrancadas.