Saúde

Óleo de coco é “puro veneno” e pode entupir artérias

Pesquisadora de Harvard alerta sobre o perigo de utilizar o produto

23 AGO 2018 • POR Da redação, com informações do Estadão • 09h42
Karin Michel diz que o produto contém quase exclusivamente ácidos graxos saturados, que aumentam os níveis de colesterol (o ruim e o bom) - Reprodução/ Internet

Um vídeo feito pela epidemiologista Karin Michel, da Universidade de Harvard, alcançou mais de 970 mil visualizações no YouTube, quando comparou o óleo de coco, recomendado por muitos nutricionistas nos últimos anos, a “puro veneno”. 

Em palestra na Universidade de Freiburg, intitulada “Óleo de Coco e outros Erros Nutricionais”, onde Karin Michel dirige o Instituto para Prevenção e Epidemiologia de Tumores, ela diz que o produto “é uma das piores coisas que alguém pode comer”. 

O óleo de coco é mais perigoso do que banha, segundo ela. O produto contém quase exclusivamente ácidos graxos saturados, que aumentam os níveis de colesterol (o ruim e o bom) e poderiam entupir as artérias coronárias. 

Karin ecoa as diretrizes da Associação Americana do Coração (AHA, na sigla em inglês), atualizadas no ano passado, que também recomendam que as pessoas evitem gordura saturada, como a encontrada no óleo de coco.

A apresentação em alemão foi traduzida para o inglês pelo site Business Insider e foi citada pelo The New York Times. O jornal americano lembrou, porém, que, apesar de muitos especialistas serem céticos a respeito da alta popularidade do óleo de coco, propagandeado como comida saudável ou superalimento, eles não chegam a ser tão dramáticos quanto à pesquisadora.

Outros cientistas mencionados pelo periódico apontam que ainda não existem dados científicos que mostrem que seu consumo traga benefícios, enquanto, por outro lado, existem recomendações do governo americano para que se reduza o consumo de gordura saturada a fim de evitar problemas cardíacos. 

Esse, no entanto, é um assunto que vem sendo objeto de controvérsia nos últimos anos, com várias outras pesquisas criticando as evidências que apontem para esse risco.

Diante do sucesso do vídeo da pesquisadora alemã, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) também divulgaram um posicionamento sobre o assunto: 

"Considerando que não há qualquer evidência nem mecanismo fisiológico de que o óleo de coco leve à perda de peso. Considerando que o uso do óleo de coco pode ser deletério para os pacientes devido à sua elevada concentração de ácidos graxos saturados, a Sbem e a Abeso posicionam-se frontalmente contra a utilização terapêutica do óleo de coco com a finalidade de emagrecimento, considerando tal conduta não ter evidências científicas de eficácia e apresentar potenciais riscos para a saúde."

As entidades dizem que também não recomendam o uso regular de óleo de coco como óleo de cozinha, devido ao seu alto teor de gorduras saturadas e próinflamatórias. "O uso moderado de óleos vegetais com maior teor de gorduras insaturadas (como soja, oliva, canola e linhaça) é preferível para redução de risco de problemas cardiovascular."