Esportes

Em baixa, Seleção busca recomeço onde encerrou complexo de vira-lata

15 AGO 2012 • POR MowaPress / Divulgação • 09h43
Pressionado no cargo, Mano Menezes encara jogo histórico como chance de sobrevida na Seleção.

Não poderia ser mais simbólico. Depois da derrota na final dos Jogos Olímpicos e do aniversário de dois anos do contestado Mano Menezes no comando, o Brasil busca um recomeço justamente no palco que marcou o início de sua história vitoriosa no futebol. Quando entrar no Estádio Rasunda para enfrentar a Suécia, nesta quarta-feira, às 14h (de MS), a Seleção viverá um clima de nostalgia, de ode a um passado que pressiona, aumenta a responsabilidade e cobra um sucesso que está difícil de repetir nos últimos anos.

Com festividades marcadas para o longo do dia, o jogo em Estocolmo marcará a despedida da seleção sueca do local que recebeu a final entre os dois países na Copa do Mundo de 1958. No próximo ano o estádio será demolido, mas as lembranças serão eternas para os brasileiros. O palco presenciou o primeiro título mundial do País, mas acima de tudo acabou com o "complexo de vira-lata", expressão criada pelo dramaturgo e escritor Nelson Rodrigues para se referir ao trauma provocado pela perda da Copa do Maracanã em 1950.

Desde então, o Brasil conquistou mais quatro títulos mundiais, sempre figurou entre os protagonistas do futebol e criou uma imagem de superpotência. História rica, mas que nos últimos anos está longe de conquistas. A Seleção Brasileira que enfrentará a Suécia nesta quarta está desacreditada pela falta de resultados contra grandes, amarga na era Mano Menezes fracasso na Copa América e decepção da prata, não ganha uma Copa há 10 anos e ocupa a sua pior posição (13º) desde que o ranking da Fifa foi criado. Exagero dizer que o complexo de vira-lata mais uma vez atingiu o País, mas pertinente dizer que o futebol vive uma crise.

Capitão do time, Thiago Silva quer encarar a coincidência como motivação. O Brasil entrará em campo com o uniforme de 1958 para o primeiro tempo, sem nenhuma estrela no peito, como se voltasse ao tempo e precisasse provar que é capaz de grandes feitos. "É um recomeço. Você usar um uniforme e não ver nenhuma estrela, alimenta um sonho de colocar uma estrela e ter uma motivação a mais", diz o zagueiro.

Na tribuna de honra, além de oito jogadores suecos presentes naquela final, os campeões de 58 Pelé, Mazzola, Pepe e Zito acompanharão a partida depois de serem homenageados. Um dia antes, eles divergiram ao analisar a Seleção Brasileira. Pelé foi diplomático. Mazzola duro. "O time precisa de uma injeção de caráter", disse. No Brasil, as críticas também atingem à Seleção e principalmente a Mano. "Cabe a interpretação do que é certo. A maioria não serve", rebate.

O treinador precisa de uma vitória para aliviar a pressão. Está garantido no cargo pelo presidente da CBF, José Maria Marin, mas não se sabe até quando. Se o futebol não melhorar e os resultados continuarem abaixo do esperado nos próximos amistosos, o treinador pode encerrar o ano sem o emprego. "Ninguém se afirma com resultados negativos", concorda. Neste sentido, uma partida longe do Brasil se torna um alívio e uma chance de amenizar a pressão.

Para reverter a decepção olímpica, Mano vai escalar um time com quatro alterações, todas já esperadas por conta da volta de jogadores acima de 23 anos. Daniel Alves retoma o lugar na lateral direita ocupado pelo instável Rafael Silva. O mesmo ocorre com a substituição de Juan por David Luiz.

No meio-de-campo, o técnico testa uma formação que deve permear o seu trabalho neste começo de etapa. O corintiano Paulinho, com melhor saída de jogo, entra no lugar de Sandro, um jogador mais voltado para a marcação, e fará dupla com Rômulo. "Nunca escondi minha preferência por uma formação de linha de volantes para privilegiar uma saída de jogo", explicou. Ramires joga no espaço ocupado por Hulk na Olimpíada, pela direita, assim como no Chelsea. E Oscar, centralizado, ganha mais liberdade.

Do outro lado, o Brasil vai encontrar um time que não passou da primeira fase da última Eurocopa, mas tem jogadores experientes e Ibrahimovic como astro. "É uma seleção um pouco mais definida do que nós neste estágio de trabalho", disse. A Suécia é 17ª colocada no ranking da Fifa, quatro posições atrás do Brasil.

Vips
O jogo entre Brasil e Suécia contará com a presença de muitas personalidades nas tribunas. Além de Pelé e outros três jogadores campeões de 1958, estarão no Estádio Rasunda, como convidados de Marin, o vice-presidente da República, Michel Temer, o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, e o presidente da Câmera e chefe de delegação, Marco Maia. Até Silvio Santos, de férias pela Europa, acompanhará o jogo depois de sua passagem por Estocolmo coincidir com o amistoso.

Ficha técnica Suécia x Brasil
Local: Estádio Rasunda, em Estocolmo (Suécia)
Data: 15 de agosto de 2012 (Quarta-feira)
Horário: 15h (de Brasília)

Suécia: Isaksson; Larsson, Granqvist, Olsson e Safari; Wernbloom, Holmen, Elm e Wilhelmsson; Ibrahimovic e Toivonen
Técnico: Erik Hamrén

Brasil: Gabriel; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Alex Sandro; Rômulo, Paulinho, Ramires e Oscar; Neymar e Leandro Damião
Técnico: Mano Menezes.

Via Terra