Economia

De devedor a credor: Brasil pode emprestar dinheiro à Europa

17 AGO 2012 • POR Shutterstock • 10h50
Grécia é outro possível destino para empréstimos brasileiros

De 2002 a 2012, o Brasil conseguiu o que parecia impossível, o montante de reservas internacionais saiu de US$ 37,8 bilhões, acumulados com empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI), para US$ 373,7 bilhões. Esse crescimento de reservas ocasionou uma inversão do status quo: recentemente, o FMI pediu dinheiro ao Brasil, para ajudar na violenta crise que assola a Europa.

Um empréstimo nesse momento poderia ser uma manobra arriscada, mas envolve lucros e questões além das econômicas, como explica o economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE) e professor da PUCRS Alfredo Meneghetti. "O Brasil tem uma relação política muito adequada com a Europa, os riscos seriam relacionados aos países que estão em situação mais complicada, como Grécia, Espanha e Itália", afirma.

O grande montante de reservas internacionais proporciona ao Brasil a possibilidade de emprestar dinheiro sim. Porém, para Meneghetti, há motivações extras. "Existem ganhos políticos, principalmente em um ano eleitoral. Externamente, seria bom, pois buscamos cadeiras em organizações internacionais, daí o interesse de estar noticiando, divulgando, mostrando pra comunidade internacional que existem grandes reservas", destaca.

Este grande aumento de dinheiro em caixa interno deve-se a uma série de fatores, segundo Meneghetti. "A balança comercial, com exportação e importação equilibrados, ocasionou um salto superavitário, alavancando as possibilidades de montar-se um volume de reservas positivo; o Brasil desenvolveu, nos últimos 10 anos, políticas superavitárias, uma redução nos repasses para estados e municípios, assim, permitiu que mais dinheiro pudesse ser mantido. Houve também um aumento de Investimentos Extrangeiros Diretos (IED), fatores decisivos para que as reservas subissem", aponta.

Ainda segundo o economista da FEE, os riscos de um calote teriam efeitos econômicos, mas eles não seriam os únicos. "O maior custo, além do financeiro, seria o politico, em termos eleitorais. Certamente, intelectuais, instituições e alguns segmentos ligados a sindicatos teriam uma vantagem politica nas próximas eleições, com a argumentação sobre uma possível falta de coerência da nossa politica internacional", reforça Meneghetti.

Via Terra