Brasil

Bebê é operado no útero da mãe no interior de SP

Cirurgia era inédita no mundo, diz Hospital da Criança em São José do Rio Preto

19 JUN 2019 • POR Rauster Campitelli, com informações do R7 • 16h33
Procedimento corrigiu má-formação que faria criança nascer com intestino fora do abdômen - Pixabay

Para corrigir uma má-formação congênita - que faria a criança nascer com o intestino fora do abdômen - um bebê com 33 semanas foi operado ainda no útero da mãe, em São José do Rio Preto (SP). O caso foi registrado nesta segunda-feira (17), no Hospital da Criança e Maternidade - HCM, onde o procedimento foi realizado. O hospital afirma que a cirurgia é inédita no mundo.

Até então, o procedimento para corrigir a má-formação, conhecida como gastrosquise, só era feito após o nascimento da criança. A fetoscopia foi realizada por uma equipe com médicos do HCM, do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, Unitau (Universidade de Taubaté) e Hospital de Baia Blanca, da Argentina. Segundo a assessoria, o ineditismo fez a equipe ser convidada para apresentar a cirurgia no Congresso Mundial de Medicina Fetal, que será realizado no fim deste mês, na Espanha.

Os médicos utilizaram 1h40 para o procedimento, considerado minimamente invasivo. Foram feitas quatro pequenas incisões na barriga da mãe para a introdução dos instrumentos, que permitem ver o interior do útero e corrigir a má-formação. O intestino foi recolhido à cavidade abdominal e a parede muscular, fechada.

O especialista em medicina fetal do HCM, Gustavo Henrique de Oliveira, afirmou que a nova técnica traz benefícios importantes para a saúde do futuro bebê e da mãe. "O primeiro é a segurança do procedimento, pois o feto é operado em ambiente o mais estéril possível, que é o útero materno. Com isso, o risco de infecção é extremamente reduzido".

Outra vantagem, segundo ele, é o fato de o bebê nascer sadio, o que permite mamar imediatamente no seio da mãe e ter alta hospitalar em três ou quatro dias. Já o bebê que se submete à cirurgia após o nascimento tem as alças intestinais muito inflamadas, o que o impede de mamar e precisa permanecer, em média, 30 dias internado, recebendo nutrição parenteral. Só após esse período ele pode ter contato com o seio materno.