Política

Polícia usa gás contra protesto em frente ao palácio presidencial egípcio

4 DEZ 2012 • POR Reuters/Asmaa Waguih • 16h54
Manifestante da oposição segura bandeira do Egito em frente ao palácio presidencial .

Respondendo ao chamado de líderes da oposição no Egito, dezenas de milhares de manifestantes participaram nesta terça-feira de passeatas contra o decreto que expande os poderes do presidente Mohamed Mursi e contra o projeto da nova Constituição do país. Segundo fontes da agência Reuters, Mursi teria sido forçado a deixar o palácio presidencial, no Cairo, devido a uma grande manifestação na entrada da residência.

Ao menos oito pessoas ficaram feridas no protesto, durante o qual centenas de pessoas tentaram remover as barreiras de arame farpado colocadas diante do palácio e soltaram fogos de artifício contra agentes de segurança. A polícia respondeu com bombas de efeito moral, granadas de gás lacrimogêneo, com as tropas de choque tentando dispersar a multidão aglomerada diante da residência oficial da Presidência.

Mais cedo, jornais e emissoras no Egito fizeram uma greve em protesto contra o decreto que expande os poderes de Mursi e contra o projeto da nova Constituição. Ao menos 12 diários não circularam nesta terça-feira e cinco canais de TV vão ficar fora do ar na quarta-feira. Centenas de jornalistas se reuniram em frente a sede do sindicato da classe no Cairo, em ato contra o governo islamista.

O projeto da Constituição, que foi aprovado em 30 de novembro pela Assembleia Constituinte - dominada por partidários de Mursi - será votado em um referendo popular no dia 15 de dezembro. O documento não inclui artigos contra a prisão de jornalistas em casos de defesa à liberdade de expressão.

Tal proteção era exigida pelo conselho executivo do Sindicato de Jornalistas. O órgão decidiu retirar seus representantes da Assembleia Constituinte em meados de novembro depois que suas recomendações e sugestões foram ignoradas, segundo o site do jornal "al-Ahram".

Entre os jornais que entraram em greve nesta terça-feira estão "al-Masry al-Youm", "al-Watan", "al-Tahrir", "al-Wafd", "al-Youm 7", "al-Dostour", "al-Shorouk", "al-Sabah", "al-Ahaly", "al-Ahrar", "al-Fagr" e "Osbooa". As emissoras de TV que devem sair do ar na quarta-feira são os canais ONTV, CBC and Modern, al-Hayat e Dream TV.

Na segunda-feira, alguns diários deram indícios de que levariam a ameaça de greve a sério. Os jornais "al-Wafd", "al-Youm 7", "al-Watan", "al-Masry al-Youm" e o "Tahrir" publicaram em suas capas a mesma imagem e a mesma manchete: "Não à ditadura", com a ilustração de um prisioneiro envolto em jornal dentro de uma cela escura.

De acordo com "al-Ahram", a maior parte dos jornais online deve continuar no ar, pois o Sindicato dos Jornalistas pediu que a mídia na internet ajude a divulgar a greve e os novos protestos planejados pela oposição para esta terça-feira.

- Precisamos que as mídias de internet mandem a mensagem da greve para os leitores - disse Alaa El-Attar, membro do conselho do sindicato. - No entanto, caberá a cada site de notícias online expressar, ou não, sua solidariedade à greve.

Enquanto isso, dezenas de manifestantes voltam à Praça Tahrir para novos protestos contra o decreto que aumenta os poderes de Mursi e o projeto da Constituição. Na segunda-feira, mais de cem influentes ativistas assinaram uma declaração afirmando que não iriam aceitar “uma Constituição não democrática”, que não respeite as normas básicas dos direitos em vez de derrubar um decreto de expansão de poderes, de acordo com "al-Ahram".

Via O Globo