Saúde

Saúde e OMS fazem parceria para mobilização contra hanseníase

Doença ainda enfrenta uma série de estigmas e demanda o diagnóstico precoce

10 JUL 2019 • POR Rauster Campitelli, com informações da Agência Brasil • 17h08
Brasil é o segundo país com o maior número de novos casos detectados de hanseníase por ano - Reprodução/Internet

Uma parceria entre o Ministério da Saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a fundação japonesa Sasakawa, realizada esta semana, será responsável pelo lançamento de mobilização nacional sobre a hanseníase em 2020. A doença ainda enfrenta uma série de estigmas no país e demanda o diagnóstico precoce para evitar sequelas mais graves.

A Fundação Sasakawa repassou, desde 2012, cerca de R$ 1 milhão para ações de enfrentamento à hanseníase no Brasil. Nesta semana, uma comitiva internacional visitou projetos financiados pela organização japonesa em unidades de saúde do Maranhão e do Pará.

“Estamos otimistas. Acreditamos que existe decisão política e capacidade técnica para o país eliminar a hanseníase”, avalia o presidente da fundação, Yohei Sasakawa. Para a representante da OMS no Brasil, Socorro Gross, o país está no caminho correto para combater a doença.

Ela faz um apelo para que toda a sociedade se envolva na campanha de conscientização que será realizada no ano que vem. “Todos temos que ser embaixadores também para a eliminação da doença. E a eliminação vai ser trabalhada em conjunto. Jornalistas, comunidades, professores, médicos. Pessoas que vivem na comunidade.”

A sociedade civil também será chamada para colaborar na construção da campanha de combate à doença. Faustino Pinto, do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase, defende mais investimento em diagnóstico precoce e reabilitação.

“Se fizesse o diagnóstico precoce, nós não precisaríamos de reabilitação física. Mas ainda temos pessoas que foram de um diagnóstico tardio que precisam dessa reabilitação, que precisam de cirurgias, que precisam de uma atenção especial na questão de calçados, de fisioterapia e de muitos outros serviços. O Brasil precisa muito avançar nesse aspecto.”

Magda Levantezi, da coordenação de hanseníase do Ministério da Saúde, fala quais são as principais ações desenvolvidas pelo governo federal.

“Ações voltadas para gestão, onde a gente tem trabalhado para que os gestores deem prioridade para a doença. Ações voltadas para a melhoria da qualificação da assistência do paciente e uma terceira frente que é enfrentamento do estigma, da discriminação e a promoção de ações de inclusão social.”

O Brasil é o segundo país com o maior número de novos casos detectados de hanseníase por ano, atrás apenas da Índia. Em 2018, foram quase 29 mil novos casos diagnosticados. Os estados mais endêmicos são Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, Rondônia, Pará e Piauí.

Entre 2013 e 2018, o governo federal investiu R$ 76 mil em campanhas de prevenção à doença nas escolas e, apenas em 2018, cerca de R$ 1 milhão em ações de prevenção e reabilitação para atender os ex-hospitais colônia.

A hanseníase é uma doença causada por infecção bacteriana e transmitida por tosse ou espirro. A infecção compromete principalmente a pele, os olhos, o nariz e os nervos periféricos. Os sintomas da hanseníase são manchas claras ou vermelhas na pele com diminuição da sensibilidade, dormência e fraqueza nas mãos e nos pé.