Política

Acordo entre Brasil e Paraguai viabiliza início da Bioceânica

A intenção dos governantes é acelerar a construção da ponte, de 680 metros de comprimento

13 JUL 2019 • POR Mauro Silva, com informações da assessoria • 08h20
O governador Reinaldo Azambuja em uma conversa com Mario Abdo Benítez - Reprodução/Assessoria

Essencial para a concretização da rota de integração da América Latina rumo aos portos do Pacífico, a ponte entre Carmelo Peralta, no Paraguai, e Porto Murtinho, em Mato Grosso do Sul, está mais próxima de ter sua construção iniciada. A licitação do projeto executivo para a edificação da obra será assinada no dia 20. O governador Reinaldo Azambuja, em uma conversa, no Palacio de los López, sede do governo paraguaio, recebeu o convite do presidente do país, Mario Abdo Benítez, para participar do evento.

“Esta será a abertura do acesso ao Pacífico. É um sonho que vai se tornar realidade. Quando se transformar em realidade vamos ter muito mais competitividade, mais condições, neste mercado global, de competição de produtos, tanto os produzidos no Brasil quanto no Paraguai”, afirmou Reinaldo Azambuja.

A intenção dos governantes é acelerar a construção da ponte, de 680 metros de comprimento, essencial para a concretização da rota. O governador sul-mato-grossense contou que irá convidar o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, para participar da assinatura, em Carmelo Peralta, com a presença da diretoria da Itaipu. A nova rota irá encurtar a distância e reduzir tempo e custo envolvidos no transporte de cargas para países asiáticos. A construção da ponte é avaliada em US$ 75 milhões.

O secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, explicou que a empresa licitada também terá a função de fiscalizar a construção. “A mesma empresa, além de fazer o projeto, irá fiscalizar a obra. Este é um momento importante, em que é marcado o início para a contratação e do edital internacional para a viabilização de um projeto. É o primeiro grande ato, visando concretizar a obra.”

Também será construída uma outra ponte, sobre o Rio Apa, na fronteira entre os dois países. Reinaldo Azambuja e Mario Abdo Benítez discutiram, ainda, temas para o fortalecimento das relações entre Mato Grosso do Sul e o Paraguai, em matéria de integração econômica e institucional, como a criação de um parque tecnológico entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero (PY) e a instalação de aduanas em Ponta Porã e Mundo Novo.

“Certamente vamos estreitar ainda mais os laços que nos unem, Mato Grosso do Sul e Paraguai. Fizemos ali a proposta ao chanceler, para a ampliação de um grupo de trabalho conjunto, para discutir a Bioceânica, que é a rota que interliga Mato Grosso do Sul ao Paraguai, rumo aos portos do Pacífico, discutimos a questão do Parque Tecnológico Pedro Juan Caballero-Ponta Porã. Discutimos ali a questão de fazermos a integração do Ministério da Agricultura com nossas fundações, Embrapa, a Fundação MS, que trabalha pesquisa, tecnologia, principalmente na área produtiva e a integração das nossas forças de segurança com o Paraguai e Mato Grosso do Sul”, disse.

Reinaldo Azambuja aproveitou para convidar o presidente do Paraguai a participar da inauguração de um prédio da colônia paraguaia em Campo Grande, que está em construção. Com 50 mil paraguaios e descendentes, Mato Grosso do Sul tem a maior colônia fora do Paraguai.

Sanidade animal e segurança pública também foram discutidos, conforme declarou o secretário de Estado de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel. “O governador Reinaldo Azambuja trouxe a pauta de sanidade animal, que é sempre importante, já que o Brasil e Mato Grosso do Sul aderiram ao Plano Nacional de Erradicação de Febre Aftosa e isso traz uma série de mudanças nessa relação binacional, Paraguai-Brasil, em especial a Mato Grosso do Sul, que tem uma fronteira ampla com o Paraguai”, acrescentou.

Participaram do encontro também a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina Corrêa da Costa; o presidente da Assembleia Legislativa de MS, Paulo Corrêa; o vice-governador Murilo Zauith; o conselheiro da Itaipu, Carlos Marun e o engenheiro Pánfilo Benitéz, assistente técnico da direção de coordenação da Itaipu Binacional.

Saito e Marun veem celeridade e competividade de MS na Ásia

Conforme declarou o ex-ministro da Secretaria de Governo da República, na gestão de Michel Temer, Carlos Marun, os investimentos necessários para a construção da ponte serão provenientes da usina de Itaipu, mas com recursos do país vizinho como responsável pela margem direita da usina. Para Marun, a assinatura do projeto é um passo importante, que reflete a execução dos trabalhos.

O ex-ministro ressalta que o projeto é importante para Mato Grosso do Sul, porque torna os produtos mais competitivos na Ásia, já que a obra ligará o Estado, em Porto Murtinho, a Carmelo Peralta, no Paraguai.

“O trecho encurtará o caminho até o Pacífico, a obra é irreversível e tem total disposição do governo paraguaio e brasileiro. Os recursos serão da Itaipu, da margem direita, ou seja, com investimentos do Paraguai”, explicou Marun.

 “Acredito que a construção  não corre o risco de ficar parada por falta de recurso, pois o presidente Mario Abdo Benítez tem a pretensão de entregar a obra até 2023, ano em que termina seu mandato”, afirmou.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Mauricio Saito, que acompanha as discussões do projeto da Rota Bioceânica, acredita que a ponte será um meio importante para fomentar o agronegócio do Estado.

“A rota poderá aumentar a nossa competitividade e, por isso, para Mato Grosso do Sul, Estado com forte vocação agropecuária, essa alternativa de escoamento é esperada com bastante ansiedade”, afirmou.