Polícia

A semana dos sequestros relâmpagos

Especialistas da PF e Polícia Civil informam como se manter previnido

3 AGO 2019 • POR Da Redação • 09h46
Ex-superintendente da PF Edgar Marcon e o ex delegado-geral da Polícia Civil Roberval Cardoso - Reprodução/Internet

Na ultima semana, a capital de MS viveu dois dias que causaram preocupação, em seus moradores. Os sequestros relâmpagos ocorreram, e mais do que isso, como ocorreram. Ambos em áreas nobres. O primeiro aconteceu na última terça-feira (31) no Jardim dos Estados, próximo ao Território do Vinho, um dos restaurantes mais conhecidos da capital. O segundo ocorreu na madrugada de sexta-feira (2), no estacionamento da Farmácia Drogasil do bairro Chácara Cachoeira, na esquina das ruas Jeribá e Raul Pires Barbosa. A coincidência e a ousadia dos fatos amedrontaram moradores de ambas as regiões, temerosos que a situação venha a se tornar uma estratégia do crime.

A atuação da policia em ambos os casso foi eficiente, no primeiro o da advogada Thalita Aguiar Dolácio, dois dos bandidos foram mortos, e no segundo, a PRF, recuperou o carro tomado do empresário João Duda, em Corumbá, divisa com a Bolívia. Por coincidência, a cidade pantaneira, era o destino de ambos os carros, tomados por bandidos.

As duas ações criminosas tiveram final feliz, mas não se pode contar com isso sempre. Veja a opinião de dois conhecidos especialistas na área de segurança, que tiveram longa atuação, no comando de forças policiais.

O ex-superintendente da Polícia Federal (PF) Edgar Marcon contou que os recentes seqüestros e roubos de carros em Campo Grande podem ter relação direta de criminosos devedores de mensalidades ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

Já o ex-delegado-geral de polícia civil e consultor de segurança, Roberval Cardoso não acredita em uma ligação única com pagamentos dívidas, mas não descarta a hipótese. “Eu acredito que dívidas não sejam o fator motivador, eles roubam porque tem perfil de roubar, acredito que eles fariam roubos maiores, como malotes, bancos, mas roubam porque querem”, comenta.

Edgar explicou que acredita que os criminosos que estão “soltos”, precisam pagar uma espécie de cebola, mensalidade, aos lideres do PCC que estão presos. “Recentemente foi noticiada a morte de um integrante do PCC no tribunal do crime, o rapaz estava em dívidas com os superiores e foi morto a mando deles”.

Ele acrescenta que as mortes geram medo entre eles e os fazem precisar levantar dinheiro para quitar os débitos. “É ai que entra os roubos de carros, que são facilmente trocados por cocaína na Bolívia, então está tudo interligados, não dá para afirmar que seja apenas uma quadrilha, podem ser várias”, comenta o delegado.

Os sequestros

A advogada Thalita Aguiar Dolácio, foi seqüestrada na noite de terça-feira (31), por dois criminosos. A vítima foi buscar o esposo em um restaurante na Euclides da Cunha quando foi abordada por dois homens, Ronaldo de Andrade Costa, 23 anos, e Michael Cera Cruz de Assis 30 anos.

Ao serem abordados pelos policiais na Avenida Duque de Caxias os criminosos disseram aos militares que levariam o veículo para Corumbá e receberiam pelo serviço em torno de R$ 3 mil. Já a vítima foi deixa em um galpão abandonado no Indubrasil na rua João Batista Fernandes.

Após prisão dos elementos policiais da Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furto de Veículos (Defurv) conseguiram desmantelar uma quadrilha suspeita de ser responsável por vários sequestros relâmpagos que ocorreram entre os dias 25 a 31 de junho, ao todo 13 pessoas foram presas. De acordo com a Aline Gonçalves Sinnot, titular da Defurv, os crimes eram arquitetados de dentro do presídio.

O segundo caso aconteceu na madrugada desta sexta-feira quando João Dudas, de 60 anos, e o seu filho João Eduardo Dudas, de 7 anos, foram seqüestrados. O crime aconteceu por volta das 00h no estacionamento da Farmácia Drogasil, na esquina da rua Jeribá com a Raul Pires Barbosa.

 Ao retornar da reunião de sua Loja Maçônica, Dudas encontrou o filho em casa gripado, e  o levou até a drogaria para comprar remédio. Ao sair, eles foram rendidos por três homens armados em um carro branco. Um funcionário da farmácia percebeu a ação dos criminosos, e comunicou a policia, que foi até o estabelecimento e pelas imagens, identificou o carro e a vítima.

O veículo do empresário, uma pick up Fiat Toro Diesel, foi levada junto com a vítima. Os bandidos soltaram João que foi até a Defurv e denunciou o caso. O veículo do empresário foi recuperado  e os seqüestradores presos.

Dicas de segurança

O ex-superintendente Edgar é especialista em segurança e alerta a população com dicas de como se proteger de possíveis seqüestros ou roubos. “As pessoas precisam observar onde deixou o carro estacionado, olhar ao redor, abrir a porta ou destravar o carro antes, entrar e já sair do local e não ficar parado mexendo em celular, procurando por bolsa”.

A maior orientação é sair do carro com agilidade, segundo orientado pelo delegado Roberval. “O campo-grandense não tem uma cultura de segurança. Se tiver esperando alguém desça do carro e aguarde em um comercio, e se estiver esperando alguém não fique com celular em mãos, trave o carro”, argumenta.