Para Campos Neto, juros baixos precisam chegar ao consumidor final
Cheque especial e rotativo do cartão de crédito ainda têm juros muito altos no país
6 AGO 2019 • POR Rauster Campitelli, com informações da Agência Brasil • 14h21O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira (6) que é preciso fazer com que os juros baixos cheguem na ponta, ao consumidor final. Segundo ele, o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito ainda têm juros muito altos no país. O presidente do BC participou do evento “Como fazer os juros caírem no Brasil?”, organizado pelo jornal Correio Braziliense, em Brasília.
“O grande vilão hoje, que chama a atenção do mercado para os juros, são produtos emergenciais - cheque especial e rotativo do cartão”, destacou, lembrando que existe um estudo para reduzir o que chamou de regressividade do cheque especial.
“Quando o banco disponibiliza um limite para alguém tomar dinheiro no cheque especial, há um consumo de capital para o banco. Quem tem mais dinheiro na conta, vai ter um limite de cheque especial maior, logo vai consumir mais capital. Geralmente, essa pessoa que tem um limite maior, é a pessoa que menos usa o produto. Quem usa o produto é basicamente a pessoa que ganha até dois salários mínimos, e 67% têm até o ensino médio. Basicamente, quem está na parte de baixo da pirâmide está pagando para quem está em cima”, afirmou.
Os juros do cheque especial estão em cerca de 320% ao ano. Campos Neto disse que tem conversado com os bancos para encontrar soluções para esse problema. “As nossas conversas vão no sentido de como diminuir a regressividade. Também é necessário [ter] compreensão do instrumento, que vem com a educação financeira. A educação financeira é chave nesse sentido”, frisou.
Estudo do BC apresentado por Campos Neto revela que, quanto maior a renda do tomador, menor seu comprometimento de renda com o cheque especial. Entre os que ganham até dois salários mínimos, o comprometimento é de 2,75%. Esse percentual sobe para 21,1%, quando se consideram os 10% mais endividados.
Para quem ganha entre dois e cinco salários mínimos, o comprometimento de renda fica em 1,62% e aqueles com renda entre cinco e 10 salários mínimos, 1,21%. Entre os de maior renda, acima de 10 salários mínimos, o comprometimento de renda é 0,79%. O percentual chega a 7,5%, entre os 10% mais endividados.
No que se refere à indústria de cartões, o presidente do BC disse que houve “grande evolução” e que a concentração do mercado “diminuiu bastante”.