Opinião

MS, Estado sem memória

28 OUT 2019 • POR Sérgio Maidana • 18h27
0 advogado Sérgio Maidana - reprodução

Em tempos modernos, resolvi aguçar minha curiosidade na internet, procurando pro nome de rua em memória do combativo Ulisses Guimarães, e me deparei com poucas ruas no Brasil apesar de 27 anos após o falecimento do grande Político brasileiro(falecido em 12 de outubro de 1992).

Um país sem memória, que homenageia pessoas pelo momento, e, não pelo histórico de cada um. Nos estados e municípios encontramos a mesma amnésia. Resolvi pesquisar o nome de “Gabriel Francisco Lopes” no “Google Maps”, e só encontrei em Carazinho-RS, não sabendo se trata do colonizador do Mato Grosso do Sul, ou homônimo. Arrisquei mais, coloquei o nome de “Antonio Francisco Lopes”, o irmão mais velho, e apareceu somente uma rua em José Bonifácio-SP. Então, procurei o nome do terceiro irmão, “José Francisco Loeps”, alcunhado de “Guia Lopes” e não encontrei nada.

Nosso estado que teve a colonização graças aos irmãos Lopes, que foram os primeiros desbravadores da região de Paranaíba, nos idos de 1825 em diante, locando terras para a implantação de fazendas de pastoreio, registrando as terras Do Império na capital da província de São Paulo (ou muitas apenas se apossando das terras do Império e depois regularizando).

Existem notícias de que os irmãos “Francisco Lopes” (Antonio, José e Gabriel) foram os primeiros a entrarem no sertão leste do sul de Mato Grosso, locando terras nas agora cidades de Paranaíba, Cassilândia, Aparecida do Tabuado, Selviria, Três Lagoas. Existem relatos que exploraram o rio Sucuriú, rio Verde, rio Pardo, rio Coxim, rio Ivinhema, rio Dourados, rio Brilhante,  rio Apa e rio Miranda.

Em todas estas andanças foram os colonizadores do Leste de Mato Grosso do Sul, tendo sido os desbravadores que trouxeram fazendeiros da região de Barretos e do Triângulo Mineiro até as beiras de rio do nosso estado ainda uno (a velha província de Mato Grosso).

Os irmãos Lopes, podemos dizer, que foram os responsáveis pela colonização do sul de Mato Grosso no século 19, sendo que, sem eles, talvez demoraría um pouco mais a migração de paulistas e mineiros para as terras outrora indígenas. Sabemos que das cidades que falamos originárias desta colonização, temos também Cassilândia, Ivinhema, região de Dourados (especialmente a cidade de Rio Brilhante), Água Clara,  Ribas do Rio Pardo, Rio Verde de Mato Grosso, Bataguassu, Vale do Ivinhema, além de termos notícias que os irmãos fizeram a primeira “picada”(estrada) de Paranaíba a Cuiabá, tendo posteriormente descido de Cuiabá a Miranda “à cavalo”, o que era um feito histórico para a época de navegação fluvial.

Um povo sem memória, é um povo esquecido. Das homenagens de nome de Praças, bairros, estradas, ruas, temos poucas no Estado lembrando Guia Lopes, o segundo irmão que ao que se sabe foi enviado pelo imperador  Dom Pedro II, em 1835, para tomar posse das terras ao norte do Rio Miranda em nome do Império e, seu irmão Gabriel ficou ao norte do rio Apa, com a mesma missão. Em Bela Vista não existe nenhuma rua com o nome de Gabriel Francisco Lopes. Povo esquecido, é povo sem memória e sem homens para se espelharem.

No aniversário de Mato Grosso do Sul, quem sabe desperte algum interesse em nomear as estradas do MS com o nome dos irmãos Lopes, assim, com um pedido de desculpas atrasado, honraríamos quem realmente colonizou o Sul de Mato Grosso. No aguardo dos homens públicos homenagearem quem realmente fez o Estado.

Sergio Maidana (advogado e descendente de José Francisco Lopes, Guia Lopes,  com muito orgulho)