Política

Hackers tiveram acesso a celulares de filhos de Bolsonaro

Dupla fechou acordo com a Polícia Federal para esclarecer alguns fatos

26 NOV 2019 • POR Vitória Ribeiro, com informações Veja • 08h33
Carlos e Eduardo Bolsonaro tiveram seus celulares invadidos por dupla de hackers - Reprodução

Walter Delgatti e Luiz Molição foram identificados como os hackers que invadiram os celulares de autoridades da República e integrantes da Lava-Jato e tiveram acesso a conversas no aplicatio Telegram do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e do vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PSC).

A dupla tentou acessar dois dispositivos do presidente Jair Bolsonaro, mas não tiveram sucesso. Após acesso aos celulares, Delgatti enviou imagens das conversas para a ex-deputada Manuela D'Ávila (PCdoB-RS), que intermediou o contato com o jornalista Glenn Greenwald, editor do site The Intercept Brasil.

 Além de identificar outras pessoas que participaram dos ataques virtuais, o colaborador apresentou um aparelho telefônico clandestino utilizado para roubar e vazar mensagens. O material está sendo periciado pela Polícia Federal. O objetivo é esclarecer se alguém financiou o esquema criminoso que afetou mais de 80 figuras públicas.

Numa conversa com a ex-deputada Manuela D’Ávila, o hacker Walter Delgatti exibiu imagens de um aparelho telefônico com a conta do Telegram de Eduardo. “Depois analisa isso”, escreveu o invasor para a ex-parlamentar. Na sequência, Delgatti enviou outra foto com uma mensagem de uma militante bolsonarista falando sobre a TV Escola, canal de comunicação financiado pelo ministério da Educação.

“Tem o Carlos também”, escreveu o hacker. Para mostrar que não estava blefando, o invasor enviou uma foto de uma mensagem que teria sido enviada em outubro do ano passado por uma blogueira bolsonarista. “Essa mulher que ajudou no spam de WhatsApp na campanha”, disse Delgatti para Manuela D’Ávila.

O celular utilizado pelos hackers para realizar os ataques e fazer os vazamentos das mensagens roubadas tinha o apelido de “biriri” e uma conta falsa no Telegram chamada “Brazil Baronil”. O aparelho ficava com o estudante Luiz Molição, que fechou um acordo com a Polícia Federal e agia em parceria com Delgatti. Preocupado em ser interceptado pela Polícia Federal, o grupo costumava cobrir as câmeras do telefone com uma fita adesiva. Pouco tempo depois de terem mandado as imagens, a dupla foi presa.