Economia

Industria brasileira de aço reclama de Trump

Presidente norte-americano volta com taxa de importação de aço brasileiro

7 DEZ 2019 • POR Jônathas Padilha, com informações da Uol • 12h40
Hang Georg

O presidente dos Estados Unidos da América, Donald J. Trump, recentemente anunciou em sua conta na rede social do Twitter que iria restabelecer as tarifas de importação de aço e alumínio do Brasil e Argentina.

O presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, afirmou que medida travou imediatamente as negociações de novos contratos e deixou o mercado estremecido para 2020.

A indústria de aço do Brasil é composta por 32 usinas, empregando 108,4 mil pessoas e fatura R$99 bilhões por ano.

Marco Polo disse ter ficado perplexo com a decisão. "Ficamos perplexos”, ainda mais surpresos por acreditar que pensamento das indústrias estavam conectadas. “Nós estivemos em outubro nos Estados Unidos para aperfeiçoar o acordo que existe no setor do aço. Fomos, por exemplo, buscar um tratamento mais adequado para nossos produtos acabados. Discutimos várias questões técnicas e saímos de lá com a sensação de que parte das reivindicações poderia ser atendida” afirmou.

O setor vive momento delicado, o governo americano não tomou nenhuma medida formal, entretanto, a medida foi anunciada pelo presidente do país. Mello fez uma analogia. "Com uma (arma calibre) 45 apontada para a cabeça, eu não quero saber se ele vai atirar ou não. Eu tenho que estar preparado para tudo", disse.

O executivo afirmou que o setor espera que o cenário de 2020 seja de recuperação, por conta do mercado doméstico, à reação da construção do setor imobiliário. Com essa recuperação, poderá ter um avanço de 5,3% na produção

A instituição do Aço estuda o fechamento da produção desse ano com queda de 8,2%, que representa a soma de 32,5 milhões de toneladas, que ficaria em 34,2 milhões de toneladas. Mas ainda abaixo de 2017.

Marco Pollo também evidenciou que o ano de 2019 não foi fácil para sua indústria. “O ano começou já com uma tragédia de Brumadinho, que trouxe impactos à indústria do aço por causa do fornecimento do minério que foi interrompido. A economia também foi difícil e ainda tivemos um governo novo, com estrutura diferente e formas diferentes de atuar” pontuou.

Ainda em entrevista, o presidente falou da relação do PIB com a indústria do aço. “Existe uma forte correlação entre consumo de aço e o PIB, para cada ponto percentual de variação no PIB, ocorre 0,89 ponto de variação no setor de aço. Não existe PIB forte sem indústria forte”, relacionou.

O país é o principal forncedor de aço dos Estados Unidos e um dos únicos com capacidade de fornecer, medida se for oficializada seria "um tiro no pé" disse Mello.

Marco acredita que uma melhor na competitividade no mercado possa suprir essa queda. "O Brasil exporta para mais de cem países. Tudo é uma questão de competitividade nossa, que precisa melhorar", concluiu.