Tecnologia

Entenda como o Google Maps define o que existe e o que não existe

6 MAR 2013 • POR Reprodução • 10h00
Cadê a mansão que estava aqui? O ponto vermelho indica a casa do vice dos EUA, mas no mapa é só gramado.

De todas as tecnologias que fazem parte da nossa vida nesses dias, talvez uma das mais indispensáveis seja o jeito que lidamos com mapas. Se você para pra pensar, o GPS nos carros e serviços como o Google Maps são uma forma instantânea e bem confiável de saber exatamente como o mundo é: seja lá de cima, seja da perspectiva das próprias ruas. É algo tão sensacional que soaria inverossímil há não muito tempo. Mas esse mar de rosas talvez se limite ao uso civil. Saber o caminho até a casa da sua vó ou como é a Torre Eiffel é uma coisa. Conferir minuciosamente como é a estrutura de uma base aérea da Aeronáutica dos EUA é outra.

Muitas notícias de construções militares suprimidas ou borradas de mapas online já circularam na internet. O Bing Maps é o Google Maps da Microsoft. Pouco usado no Brasil, ele é mais popular nos EUA e assume uma postura até que transparente (tendo em vista que o tema é exatamente a ausência de transparência) no assunto. Eles dizem algo como “dependendo de como, quando e aonde pegamos a imagem, temos que obedecer a certas restrições, que variam conforme a legislação do país.” Quer dizer: as imagens são borradas sim e pelos mais variados motivos – difícil acreditar que algum deles tenha fins pacíficos ou generosos. Isso vale tanto pras imagens de satélite como para aquelas de rua mesmo, estilo Street View. Já o Google, como é de praxe, simplesmente nega.

O Google diz que talvez algumas imagens já cheguem borradas, já que eles recebem fotos de várias fontes, com variados interesses, às vezes estatais, às vezes privados. O Google não possui um satélite sequer.

Em 2007, insurgentes teriam usado o Google Earth para atacar soldados britânicos em Basra, no Iraque. Isso fez com que muitas imagens do programa sejam antigas: se você quiser dar um passeio virtual pelo Iraque ou Afeganistão, a imagem do satélite muito provavelmente será de 2002 (a data não é aleatória: é só dar um Google e ver quando as últimas peripécias militares americanas no Oriente Médio começaram).

A casa de Dick Cheney, vice-presidente dos EUA na era George W. Bush, não existe no Google Maps (foto ao lado) e isso só aconteceu a mando do próprio governo, como foi noticiado na época. Aqui você encontra uma lista de outros 50 locais que você não encontra no maior mapa de todos os tempos.

Como se não bastasse um número suficiente de documentos já veio à tona para que se tenha a certeza de que, em última instância, o governo americano é quem decide de quais fontes o Google ou o Bing pode comprar imagens. Em 1997, quando a tecnologia ainda nem era suficiente para tamanha riqueza de detalhes das imagens, o Congresso americano proibiu a publicação de “fotos de satélite detalhadas”de Israel – incluindo territórios que são alvo de disputa de vários povos. Agora que a tecnologia concebe coisas inconcebíveis, a legislação dos EUA impede que as empresas que vendem imagens de satélite comercializem imagens com resolução maior que meio metro por pixel.

Via Revista Galileu