Polícia

Polícia investiga creche acusada de maus-tratos

Instituição particular que cobra em torno de R$ 3 mil mensalmente, nega as acusações

9 MAR 2020 • POR Sarah Chaves, com informações do G1 • 14h12
Imagem mostra criança de 1 ano sendo obrigada a engolir a comida - Arquivo Pessoal

A escola infantil, Casa da Vovó será insvestigada pela Polícia Civil de São Paulo, após denúncias de pais de crianças que alegam que os filhos sofrem maus-tratos na creche em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo.

Mesmo com a negativa da instituição, um documento entregue à polícia por pais de ex-aluno aponta que 23 crianças foram vítimas de agressões físicas e verbais. Há também vídeos feitos por ex-funcionários com registros dos maus-tratos.

A denúncia foi feita pelos pais de uma criança de 1 ano e 6 meses que frequentou a escola durante 10 dias. A família afirma que reuniu relatos de outros pais de crianças que frequentaram o local e conversas com ex-funcionários. Segundo a família, a mensalidade custa em torno de R$ 3 mil.

Na semana passada, a família apresentou ao delegado do 14° Distrito Policial, uma representação criminal contra a diretora e duas educadoras pedagógicas da creche. A família denunciou agressões físicas e verbais como beliscões, apertar o olho da criança quando ela não queria dormir, castigos em pé durante horas em um local isolado e fechado, obrigar a criança a comer e jogá-lo embaixo do chuveiro gelado, com roupa, enquanto chorava.

A Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP) confirmou ao G1, a denúncia e disse que o delegado responsável pelo caso já intimou testemunhas para prestarem depoimento.

Em nota, a escola disse que as imagens divulgadas "não representam em absoluto a filosofia de acolhimento e afetividade" da escola, onde não cabe "nenhuma tolerância a maus-tratos. Todas as providências cabíveis foram tomadas, até o mesmo o afastamento da funcionária, com o objetivo de manter a sua segurança e de todos que estão envolvidos nesse caso".

A direção da instituição diz estar "em processo de revisão dos procedimentos internos" e afirma que um grupo de mães fez um abaixo-assinado defendendo a escola. A reportagem do G1 recebeu o telefonema de uma delas confirmando a informação.

O advogado da família que denunciou o caso, Miguel Silva, conta que além do menino, outras criança que frequentavam a escola eram submetidas "a sessões de tortura" por parte da diretora e das coordenadoras pedagógicas, "inclusive com arremesso de água gelada na face das crianças, impondo aos menores um verdadeiro circo de horrores".

"Meu filho ficou 10 dias na escolinha e passou a apresentar um comportamento estranho. Até hoje, ele não come de colher, só quer comer com as mãos. Logo nos primeiros dias que ele esteve na escola, passou a chorar a toda hora, ter medo e não querer dormir à noite sem a luz ligada. Achei estranho e resolvi tirar ele da escola", disse a assistente social Andréia Souza, responsável pela denúncia.

"Ele voltava para casa com uma nova roupa, trocada, e a roupa que ele havia usado, mandavam em um saco plástico, molhada. Ia na escola e perguntava o que houve e me respondiam que ele havia 'feito cocô'. Mas a roupa molhada estava limpa! Neste ano, um ex-professor me procurou contando o que faziam, que colocavam as crianças no chuveiro gelado quando choravam", acrescentou Andréia

"A gente paga caro e coloca nas mãos de pessoas que acreditamos ser idôneas nossos filhos, achando que serão bem-tratados. A escola tem credibilidade, você acredita. Daí seu filho muda de comportamento de uma hora para outra, começa a chorar toda vez que vê o uniforme da escola, e você não consegue imaginar o descuido que está acontecendo", finaliza ela.