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Casa da Mulher Brasileira repudia discurso do delegado Wellington

Segundo a instituição, a fala do vereador foi "machista" e exteriorizou o pensamento patriarcal da sociedade

9 ABR 2020 • POR Sarah Chaves • 16h32
O colegiado da casa da mulher brasileira pediu providências à Câmara Municipal e retratação por parte do vereador - Sarah Chaves/JD1 Notícias

O Colegiado Gestor da Casa da Mulher Brasileira de Campo Grande enviou uma nota de repúdio ao vereador delegado Wellington, após o discurso do parlamentar na Câmara Municipal ser encarado como machista por entidades de defesa da mulher.

O vereador, em seu discurso que ocorreu na última terça-feira (7), falou sobre flexibilização de regras de isolamento devido à pandemia de coronavírus, e afirmou que salão de beleza é importante. "Imagina, a mulher sem fazer sobrancelha, cabelo, unha, não tem marido nesse mundo que vai aguentar, tem que tratar da autoestima".

O Colegiado entendeu a fala como sendo "machista"e "misógina" que fazem parte das várias violações institucionais que as mulheres sofrem diariamente.

"Este discurso exterioriza de modo explícito o pensamento machista que se apresenta em toda a esfera de nossa sociedade patriarcal. E quando falamos em machismo estamos falando sobre um comportamento estrutural de nossa sociedade que coloca mulheres e meninas em posição de inferioridade, como se existissem apenas para servir aos homens", declarou o colegiado da instituição.

Em nota a Casa Da Mulher Brasileira de CG, ainda ressaltou que o discurso do delegado Wellington representa uma violência institucional contra o direito de todas as mulheres e solicitou providências da Câmara Municipal de Campo Grande, para que não sejam admitidas em plenário manifestações "que ferem o direito fundamental das mulheres de serem respeitadas como sujeitos de direito e de viverem sem violência".

A instituição diz que espera uma retratação por parte do parlamentar.

O delegado Wellington em declaração reafirmou seu compromisso pelo direito das mulheres e no combate à violência e ao feminicídio.


"Neste ponto minha fala foi interpretada como machismo ao invés de somente exaltar a mulher, as profissionais da área estética, e a importância da auto estima feminina [...] Não sou machista. O contexto era como poderíamos rever e repensar a questão do que é ou não serviços essenciais, já que sou cobrado diariamente por diversos segmentos, inclusive de salões de beleza e igrejas sobre a questão econômica. E lamento a impressão equivocada [..] Destaco ainda que pedirei na próxima sessão a retirada da ata da fala em questão", concluiu o vereador.