Política

Bolsonaro compartilha vídeo que critica atuação de Doria e Mandetta

No vídeo, o jornalista Guilherme Fiuza, também contesta a eficácia do distanciamento social

15 ABR 2020 • POR Sarah Chaves, com informações do UOL • 16h16
Vídeo, 'Os Sócios da Paralisia', compartilhado no Twitter do presidente - Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), compartilhou em seu Twitter nesta quarta-feira (15), um vídeo narrado pelo escritor Guilherme Fiuza, que tece críticas ao governador de São Paulo, João Doria, e ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

O vídeo chamado de 'Os Sócios da Paralisia' contesta a eficácia do isolamento social no combate à pandemia do novo coronavírus. Fiuza diz que Doria "assumiu a paternidade" da cloroquina, que o ministro da Saúde "explicou que traficante também é gente" e fala em "show mórbido" na abordagem dos efeitos da pandemia.

"Você está em casa assistindo o governador de São Paulo assumir a paternidade da cloroquina, o ministro da saúde explicar que traficante também é gente, jornais estrangeiros publicando fotos de covas abertas para dizer que o Brasil não tem mais onde enterrar seus mortos. Se você está paralisado, é porque você já sabe que isso é um show mórbido, mas você está esperando que alguém, te diga isso" diz parte do vídeo narrado por Fiuza

A referência a Doria é por conta de uma declaração em entrevista recente na qual o governador o disse que foi o coordenador Centro de Contingência ao Coronavírus de São Paulo, David Uip, que indicou o uso de cloroquina ao ministro da Saúde.

A referência do vídeo a Mandetta, de que ele "explicou que traficante também é gente", tem como origem uma entrevista na última semana na qual o ministro admitiu que, para combater a epidemia, nas favelas seria preciso "dialogar" com narcotraficantes e milicianos, que controlam regiões nas grandes cidades brasileiras. "A gente tem que entender que são áreas que muitas vezes o estado está ausente, que quem manda é o tráfico, quem manda é a milícia. Como é que a gente constrói essa ponte em nome da vida e da saúde? Dialoga sim, com o tráfico, com a milícia, porque eles também são seres humanos e eles também precisam colaborar.

Fiuza também questiona a eficácia do isolamento social, citando Nova York e Itália. "Onde estão os mapas do resultado direto do isolamento total na contenção da epidemia, ou na suavização dos picos? Eles não existem", diz a narração. Porém, a grande maioria de epidemiologistas, virologistas e cientistas indicam o isolamento social como única forma eficaz de evitar a rápida disseminação do novo coronavírus, o que sobrecarregaria o sistema de saúde do país.


A OMS também recomenda a quarentena como forma de controle, sendo que recentemente ela estipulou seis requisitos para um país cumprir antes de relaxar o isolamento. Nos casos de Nova York e Itália, dois dos locais mais atingidos pela pandemia, estudos indicam que a antecipação do isolamento teria reduzido a curva de contágio e atenuado o pico de mortes diárias pela doença, que no país europeu chegou a quase mil.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi um dos que mudou de postura ao longo da pandemia e, respaldado por especialistas, disse que o isolamento social nos últimos dias poupou milhares de vida no país.