Política

"Direitos devem valer para todos”, Coronel David sobre prisão de blogueiro

Deputado alertou que os acusados até o momento não sabem do que estão sendo acusados

30 JUN 2020 • POR Da redação, com informações da assessoria • 16h35
Assessoria/Divulgação

O deputado estadual Coronel David (Sem Partido) fez o uso da palavra na manhã desta terça-feira (30), durante a sessão remota da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) para defender a liberdade de imprensa como um todo, e não somente para jornalistas da esquerda, como aconteceu no caso da prisão do jornalista Oswaldo Eustáquio.  

“Nós temos uma tríade de princípios, que é o estado-juiz, o estado-acusador, e o estado-defensor, tudo isso fazendo parte do estado democrático de direito e se assenta no devido processo legal, com o devido contraditório, com a devida ampla defesa. Eu não tenho dúvida de que quem julga é o juiz, quem acusa é o Ministério Público, e quem defende ou é a Defensoria Pública, ou a defesa do interessado, tudo isso está definido na nossa Constituição Federal, porém, com muita tristeza, a gente vê que nenhum desses princípios foram seguidos pelo Supremo Tribunal Federal na condução do inquérito das Fake News”, explicou durante sua abordagem sobre o assunto.  

Ainda conforme o parlamentar, o inquérito foi instaurado por ordem do presidente da corte, o Ministro Dias Toffoli e designado ao Ministro Alexandre de Moraes como condutor do inquérito, e ao mesmo tempo ele é o juiz que toma todas as decisões referentes a esse processo.

“Por isso, reitero que também aprendi que quem pode iniciar investigação de ofício é autoridade policial, ou a requerimento do Ministério Público, ou a pedido da parte interessada, e isso quem faz é a polícia judiciária, dos estados que é a Polícia Civil, e da união, que é a Polícia Federal. Vejo ainda que esse inquérito, cujo número é 4781 e que tramita no Supremo Tribunal Federal sob segredo de justiça, é um descalabro no meio jurídico. Lamento o silêncio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), sempre tão zelosa em alguns assuntos que lhes dizem respeito e, nesse caso em específico do inquérito das Fake News, o órgão simplesmente tomou só uma providência, entrou com um Habeas Corpus para ter direito aos autos desse inquérito e conseguiu, pois o pedido foi deferido pelo Alexandre Moraes, só que depois houve um silêncio absoluto”, lembrou. 

David alertou que os acusados até o momento não sabem do que estão sendo acusados. “É um absurdo, foi nesse inquérito que ocorreu a prisão do jornalista Oswaldo Eustáquio, preso aqui em Campo Grande, na sexta-feira, pela Polícia Federal. Eu estive ontem (29), com o jornalista. Ele me disse que no momento da prisão, os agentes tiveram a preocupação de conseguir pegar o celular dele de forma aberta, certamente para atender a ordem judicial para poder ter acesso a tudo que tinha no celular do jornalista”, relatou.

E complementou dizendo que “nota-se, nesse caso da prisão do jornalista, que a Associação Brasileira de Imprensa, e a Federação Nacional de Jornalista (FENAJ), não falaram nada até agora. Fatalmente que tendo acesso aos dados contidos no celular que foi apreendido as autoridades tomarão conhecimento de quem era a fonte do jornalista, e que teria fornecida a informação divulgada por ele denunciar a participação da esposa do Ministro Alexandre de Moraes em uma questão supostamente irregular”.

Prisão do blogueiro

O blogueiro Oswaldo Eustáquio foi preso pela Polícia Federal na última sexta-feira (26), em Campo Grande. A operação que culminou com a captura do suspeito é um desdobramento do inquérito que apura o financiamento de atos antidemocráticos no Brasil.

A suspeita é de que o canal que ele mantém na internet recebe recursos indevidos. Essa foi a setima prisão desde o início da investigação.

Eustáquio, que é ligado a Sara Winter. De acordo com reportagem da CNN Brasil, havia informação de que o jornalista estaria em Ponta Porã, na fronteira do Brasil com o Paraguai, e havia risco de fuga.

Este é um novo mandado de prisão decretado pelo Supremo Tribunal Federal. O inquérito é comandado pela Procuradoria Geral da República.

Segundo as investigações, Oswaldo Eustáquio defende de forma oblíqua a ruptura institucional.