Opinião

Lixão e a oportunidade perdida

Arquiteto comenta projeto de aterro sanitário na capital

1 JUL 2020 • POR Fayez Rizk • 17h11
Arquiteto Fayez Feiz José Rizk - Reprodução/Internet

Novamente à baila o assunto resíduos sólidos ou para ser mais direto (e antigo), o lixo urbano.

Vejo que a empresa concessionária quer construir um novo depósito para o lixo, certamente na forma de um aterro sanitário.

Qualquer pessoa medianamente informada sabe que o local escolhido – e nessa altura penso que já em negociação ou adquirido – é totalmente inadequado e merece do repúdio da sociedade e providências por quem de direito para coibir esse atentado contra a população de Campo Grande.

Mas, esse é um texto, diria até, de lamento pela oportunidade perdida pela cidade nessa questão.

Uma cidade se faz por si mesma, mas é necessário o planejamento por parte do poder público sempre com visão de futuro.

E Campo Grande cometeu, na minha opinião, o maior erro estratégico das últimas décadas quando recusou a construção de uma usina de transformação de resíduos sólidos em energia, a chamada “usina do lixo”.

Essa usina, com projeto excelente, baseado nas melhores referências internacionais na área, especialmente na experiência da Noruega,  faria a transformação desse lixo em algo em torno de 12 megawatts de energia, quando o consumo público na época era cerca de 6 megawatts.

Ou seja, além do custo da energia utilizada pela administração pública sair muito mais em conta, a Prefeitura ainda se tornaria uma produtora de energia, o que significava arrecadação para os cofres públicos!

E de quebra, daria emprego para 600 catadores, com remuneração de dois salários mínimos para cada um.

No entanto, quem desconhecia o projeto, a tradicional “oposição”, que reclama de tudo e de todos sem conhecimento, fez tal grita, baseado no fato (inverídico) de que a incineração seria poluente do ar e aliou-se a isso, um rumoroso caso de pretensa participação de investidor, digamos, não confiável, para enterrar o projeto.

Ora, se havia erros ou dolo que a situação se resolvesse tecnicamente ou na justiça, mas, como na famosa piada do marido traído que vendeu o sofá da sala, enterramos o projeto ao invés de esclarecer os entraves!

Esse é um exemplo da falta de visão de futuro e de um bom planejamento estratégico da nossa cidade.

E continuamos com um aterro sanitário que só dá despesa e agora com a necessidade de outro local para armazenar lixo.

Que não seja o tal local escolhido.