Internacional

Funcionários do porto de Beirute são detidos por explosões

Ao menos integrantes da administração do porto e autoridades alfandegárias foram detidos

6 AGO 2020 • POR Flávio Veras, com informações do G1 • 16h29
Silo ficou destruído em explosão no porto de Beirute, no Líbano - Hussein Malla/AP

Ao menos 16 funcionários do porto de Beirute e autoridades alfandegárias foram detidos, nesta quinta-feira (6), no âmbito da investigação sobre as explosões de um depósito com toneladas de nitrato de amônio. Segundo a imprensa local, a informação foi passada pelo promotor militar Fadi Akiki.

Tratam-se de funcionários "do conselho de administração do porto de Beirute e da administração de alfândegas e encarregados de trabalhos de manutenção e (operários) que realizaram trabalhos no armazém" onde era guardado o nitrato de amônio, informou o promotor.

Na quarta-feira (5), responsáveis pela autoridade portuária desde 2014 já haviam sido colocados em prisão domiciliar. Moradores de Beirute acusam o governo de corrupção, negligência e má gestão, de acordo com a BBC.

Nesta quinta, o ministério da Saúde do Líbano atualizou o balanço de vítimas: mais de 137 pessoas morreram e mais de 5 mil ficaram feridas. Dezenas seguem desaparecidas, de acordo com o porta-voz Rida Moussaoui.

A tragédia de terça-feira (4), provocada segundo as autoridades por um incêndio em um depósito que armazenava uma grande quantidade de nitrato de amônio no porto da capital libanesa, deixou quase 300 mil desabrigados, segundo o governador de Beirute, Marwan Aboud.

O material com potencial explosivo estava armazenado há seis anos sem a segurança necessária.

Nesta quinta, as escavadeiras do exército abriam estradas para ter acesso ao porto destruído. O país está sob estado de emergência.

Nitrato de amônio

O nitrato de amônio se apresenta como um pó branco ou em grânulos solúveis em água e é seguro - desde que não aquecido. A partir de 210 °C, decompõe-se e, se a temperatura aumentar para além de 290 °C, a reação pode tornar-se explosiva.

Um incêndio, tubos superaquecidos, fiação defeituosa ou relâmpagos podem ser suficientes para desencadear tal reação em cadeia.

Apoio Internacional

União Europeia, Rússia, Tunísia, Turquia, Irã e Catar estão enviando suprimentos de emergência. A França enviou para Beirute equipes especializadas em buscas. O presidente francês, Emmanuel Macron, visitou nesta quinta o local da explosão.

O Líbano, que já enfrentava uma grave crise econômica, precisará de apoio internacional. A estimativa inicial do governo de que é que a tragédia causou danos de US$ 3 bilhões (R$ 15,9 bilhões) a US$ 5 bilhões (R$ 26,5 bilhões). O Banco Mundial se pronunciou e disse que está aberto aos parceiros do Líbano para mobilizar apoio financeiro para a reconstrução.