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'Domésticos' crescem, mas time titular do Brasil é dominado por 'europeus'

13 JUN 2013 • POR Via Uol • 13h41
A seleção brasileira convocada para a Copa das Confederações chamou a atenção por apresentar 11 jogadores atuando no Brasil na lista de 23, o maior número do país para uma competição oficial da Fifa (Federação Internacional de Futebol) desde o Mundial de 2002. No entanto, essa proporcionalidade não está se refletindo no time titular. Levando-se em conta que Luiz Felipe Scolari pretende repetir na estreia contra o Japão, sábado, o mesmo time que entrou em campo contra a França, "europeus" ocuparão nove das 11 posições disponíves.

Apenas Paulinho e Fred fogem à regra, ainda que Neymar tenha sido convocado como atleta do Santos e vendido para o Barcelona às vésperas de se apresentar. Um quadro similar ao de quatro anos atrás, quando o time comandado por Dunga tinha apenas o lateral Kleber, então no Internacional, como "doméstico" ao se alinhar para o hino nacional na estreia na Copa das Confederações da África do Sul, contra o Egito.

A proporção geral do grupo promete ser ainda mais alterada com as negociações em curso envolvendo jogadores baseados no Brasil. O meia Fernando está praticamente vendido ao Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, ao passo que o atacante Bernard interessa ao Tottenham, da Inglaterra, e a o Borussia Dortmund, da Alemanha. É interessante também notar que Oscar chegou à seleção no ano passado ainda como jogador do Internacional, mas em pouco mais de um mês foi arrebatado pelo Chelsea, da Inglaterra.

Na Copa das Confederações de 2009, disputada antes da intensificação do retorno de jogadores "estrangeiros" para clubes brasileiros, os 23 de Dunga tinham uma proporção maior de jogadores baseados na Europa, com 16. Entre os titulares o número cresceu para apenas dois entre a estreia e a final (André Santos e Ramires, então em Corinthians e Cruzeiro).

Felipão, porém, tem um histórico de abrir oportunidades para jogadores nacionais.  No grupo que levou ao Mundial de 2002, 13 dos 23 jogadores estavam em clubes brasileiros. Mês passado, quando convocou o grupo para a Copa das Confederações, Felipão minimizou as proporções da convocação. "Temos jogadores bons, uns atuando aqui outros lá fora", disse o treinador.

O curioso é que o coordenador-técnico Carlos Alberto Parreira é um entusiasta dos "estrangeiros", gosto que exerceu durante sua última passagem pela seleção, entre 2003 e 2006, com exceção de um experimento com 14 "domésticos" na Copa das Confederações de 2003 e que resultou numa eliminação na primeira fase.

O ex-treinador disse considerar que a ida para grandes clubes europeus era benéfica para a seleção, pois a melhor estrutura na Europa daria condições superiores de desenvolvimento para os atletas. Foi assim com Kaká há 10 anos e assim também com Neymar. "A ida dele (Neymar) para o Barcelona será benéfica. Ele vai crescer como profissional, vai aprender a jogar taticamente de uma forma mais rígida e coletivamente também", comentou Parreira recentemente ao avaliar a transferência do ex-santista.

Na atual seleção, será bem mais difícil ver grandes alterações no domínio estrangeiro, já que a maioria das posições têm jogadores baseados na Europa como reservas imediatos. Fernando, utilizado por Scolari em várias partidas, é uma exceção, mas o iminente acerto com os ucranianos jogaria contra. Bernard, por exemplo, embora seja uma promessa já observada por clubes estrangeiros, tem Hulk, Neymar e Lucas à frente na hierarquia da seleção.

"Nada vai cair do céu, tem que correr atrás. O futebol europeu e as seleções têm uma dinâmica diferente, é mais rápido e tem mais entrega tática. Tento absorver para estar preparado quando tiver oportunidade".

Em mundiais, a última vez em que a seleção brasileira teve um time titular dominado pelos "domésticos" foi em 1986, no México, quando apenas Edinho e Júnior estavam baseados no exterior.