Economia

Economista aponta três fatores para aumento no preço dos alimentos

Medidas adotadas durante a pandemia demontram influência frente a alta dos preços de alimentos e bebidas

11 SET 2020 • POR Sarah Chaves • 13h15
Professor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) e doutor em economia Mateus Boldrine Abrita - Reprodução

Nas últimas semanas o consumidor brasileiro vem observando o aumento dos preços de alimentos de itens básicos, e de acordo com o coordenador do Laboratório de Eficiência e Inovação na Gestão de Mato Grosso do Sul (LAB/GEIMS), professor da Universidade Estadual do MS e doutor em economia Mateus Boldrine Abrita, o aumento está relacionado a três fatores.

Conforme explica Mateus, a alta nos preços pode ser analisada inicialmente pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), onde a taxa de inflação está abaixo da meta do Banco Central do Brasil, mas há um porém. “Uma das explicações é que o índice de inflação é uma média, e nesta conta temos preço subindo e outros caindo, no último IPCA divulgado, temos deflação, ou seja, recuo nos preços em educação, vestuário e despesas pessoais,  por outro lado aumento em transportes, alimentação e bebidas, além de habitação”, alega o economista.

“Assim alimentos e gasolina puxaram a inflação para cima, em 12 meses isso fica muitos mais claro. Enquanto a  inflação geral subiu apenas 2,44%, os grupo alimentos e bebidas subiu 11,4%.Então, como a maioria das pessoas adquiriu mais bens e serviços de transportes e alimentação, é natural que a percepção de aumento dos preços fica mais forte”.

Por trás das altas

De acordo com Mateus, múltiplos fatores afetam o fenômeno.

- Com a pandemia ocorreram mudanças de hábitos, e há uma procura muito maior de itens de alimentação básica para cozinhar em casa.

- O auxílio emergencial impulsionou o poder de compra de boa parte da população. Entre abril e agosto o governo injetou em torno de R$ 173 bilhões na economia através do auxílio, evidenciando a importância do auxilio para os mais vulneráveis.

- O real mais fraco frente ao dólar  incentiva a exportação dos produtos e pressiona os preços para cima.

No caso especifico do arroz, existe uma alta internacional no produto, onde muitos países produtores tiveram dificuldades com relação a pandemia com restrição da mão de obra e interrupção na exportação.

Além disso alguns países começaram a fazer estoque, o que pressionou os preços a nível internacional.

Questionado pelo JD1 Notícias sobre a alta nas importações na pandemia, Mateus explicou que. “Exportações no geral não subiram na pandemia, já as importações dispencaram. Isso gerou um superávit muito grande. Mas não necessariamente pelo aumento das exportações, mas sim pelas importações terem desabado”.

Rota Bioceânica como incentivo à exportação

Segundo o doutor, a Rota deve favorecer as exportações de produtos que já somos competitivos e torna-los ainda mais competitivos. Como commodities.

“Nesse contexto, o Corredor Bioceânico, também conhecido como Rota de Integração Latino-Americana (Rila), que busca diminuir a distância entre Brasil, Paraguai, Argentina e Chile em relação a Ásia, constitui uma janela de oportunidade para o desenvolvimento. Pode contribuir para elevação da competitividade do setor produtivo, reduzir custo e tempo, fomentar o turismo e a economia criativa e suscitar um movimento de carga e de passageiros mais eficaz”.

A Rota de Integração Latino Americana (RILA), ou Rota Bioceânica, é um corredor rodoviário com extensão de 2.396 quilômetros, que pretende ligar o Oceano Atlântico aos portos de Antofagasta e Iquique, no Chile, passando por Paraguai e Argentina.