Cultura

Hollywood busca geração internet com filmes sobre hackers e ciberativistas

5 JUL 2013 • POR Via Folha • 11h47
Cena de 'The Fifth Estate', de Bill Condon, com Benedict Cumberbatch como Julian Assange (à esq.) e Daniel Bruhl como Daniel Domscheit-Berg. (Foto: Divulgação)
Os heróis de Hollywood usam chicotes, revólveres e uma moral rígida. Não se espante se eles passarem a usar, dentro de alguns anos, e-mails criptografados, discos rígidos, internet de alta velocidade e uma ética com tons mais cinzentos.

Somente em 2013, oito filmes sobre hackers, ciberativistas e visionários da tecnologia estão previstos para estrear ou já estão em cartaz.

De Julian Assange, o criador da organização WikiLeaks (responsável por divulgar documentos americanos secretos) a Edward Snowden, o ex-analista da Agência de Segurança Nacional dos EUA, em fuga por revelar um esquema de vigilância mundial do governo Obama, os hackers são os novos Indiana Jones.

"A diferença é que hackers existem e constroem suas narrativas distantes da ficção", diz Sergio Amadeu da Silveira, professor da Universidade Federal do ABC e pesquisador de cibercultura.

"Os hackers enfrentam o poder das corporações e dos Estados verticalizados de modo espetacular, criando simpatia e admiração. Indiana Jones é bem menos interessante que Snowden."

Nesse segmento, a figura mais disputada no cinema atual é a do australiano Julian Assange. Abrigado na embaixada do Equador em Londres para evitar a extradição a Suécia (onde é acusado de agressão sexual), ele estará nas telas três vezes neste ano.

A primeira produção é o telefilme australiano "Underground", sobre sua infância. Já o documentário "We Steal Secrets: The Story of WikiLeaks", de Alex Gibney, transforma Bradley Manning, o soldado que vazou as informações confidenciais para Assange, no "herói" da história.

Assange ainda será retratado na superprodução "The Fifth State", drama de Bill Condon ("Crepúsculo"), com o inglês Benedict Cumberbatch (o vilão do novo "Star Trek") no papel do hacker.

"O WikiLeaks chegou a um mundo no qual o governo diz que há uma democracia e falou: 'Vejam isso e formem sua opinião'", conta Cumberbatch à Folha. "É fácil fazer um retrato caricato de Assange, mas espero construir algo justo."