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Verruck diz que foi feito "tudo o possível", pelos incêndios florestais

Segundo o segretário, "o Brasil não tem uma estrutura de planejamento e de combate a incêndios"

16 OUT 2020 • POR Sarah Chaves, com informações da Folha de São Paulo • 11h30

O secretario de secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico e Produção e Agricultura Familiar do Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck afirmou em entrevista a Folha UOL, que o Brasil não está preparado para lidar com as queimadas, ,especialmente considerando as mudanças climáticas.

Verruck, que descarta a tese do "boi bombeiro", defendida pelos ministro Ricardo Salles (Ambiente) e Tereza Cristina (Agricultura), afirma que tudo que poderia ser feito para combater os incêndios, com atraso ou não, foi feito e, ainda assim não foi o suficiente para controlar totalmente a situação.

“A minha avaliação é muito clara: o Brasil, incluo nisso o Mato Grosso do Sul, não tem uma estrutura de planejamento e de combate a incêndios florestais dessas dimensões. A ideia do boi bombeiro é a redução de biomassa. A atividade do Pantanal é a pecuária. Essencialmente ele é o grande produtor de bezerros. O boi gordo praticamente não existe, é uma área de cria e recria" afirma.

"Nós já sabíamos disso [da situação]. No mês de março e abril nós tivemos um grande incêndio aqui no MS. Sempre tivemos queimadas no Pantanal, a questão é a dimensão disso. Neste ano ano estamos fora da curva. O que estão colocando agora é que esse é o primeiro de cinco anos [de estiagem severa], então precisamos estar muito bem preparados para os próximos anos".

Conforme o secretário, os focos do Pantanal não se deram por combustão espontânea, e o Brasil não tem uma estrutura de planejamento e combate a incêndios florestais dessas dimensões. "Tudo que foi possível ser alocado na questão de incêndios florestais do Pantanal, foi", exemplificou.

Us dos grandes problemas citados por Verruck na entrevista são as mudanças climáticas, como o período mais seco e a falta de chuva, e segundo ele o que piora é a chuva que vem localizada e concentrrada. "Então podemos ter uma situação de regiões extremamente favoráveis a não ter incêndios e outras que estarão queimando".

O secretário também afirma que prepara um documento para aplicar o chamado fogo frio, uma queima controlada, de uma forma ampla, com maior nível de planejamento para evitar situações de risco e de incêndios de grandes proporções como os atuais. Atualmente, essa queima controlada só pode ser feita em termos de produção

"Todo ano nós temos autorização de queima controlada, que tem uma série de critérios de avaliação, como biodiversidade, como fazer.  Neste ano tivemos três solicitações de queima controlada. Só três. Todo ano publicamos uma portaria, normalmente para agosto, setembro e outubro, suspendendo a solicitação de queima controlada e autorização que tenha sido concedida. Neste ano ano a proibição se alongou em função da estiagem. A discussão que o ministro tem colocado tem relação com o fogo frio. É o fogo controlado. O que nós temos hoje é um decreto que regulamenta a queima controlada no Mato Grosso do Sul, mas ela não está inserida em uma lógica de planejamento de combate de fogo, de prevenção. E é isso que estamos fazendo".

Para fazer uma política de prevençãoa pasta precisara definir dada a biomassa, quais são as áreas que necessitam de uma medida de prevenção. "Aí será permitido o manejo integrado de fogo, uma lógica diferente da queima controlada, que é uma lógica do produtor, individual, do ponto de vista da produção. Vai ser uma lógica do poder público, com um olhar macro".

Verruck alega que já apresentou uma proposta ao ministro do meio ambiente sobre uma brigada permanente para o Pantanal. "No Mato Grosso do Sul nós não temos nenhuma aeronave de combate a incêndio florestal. Estamos propondo um helicóptero para transporte de tropas, isso é fundamental para um primeiro atendimento, porque eu preciso deslocar muito rapidamente quatro, cinco bombeiros. E um avião Air Tractor. O que nos preocupa é se vamos conseguir chegar no ano que vem com isso. Estamos falando de um recurso de cerca de R$ 130 milhões".