Caro e em jejum de títulos, Luxemburgo se vê sem mercado no Brasileirão
16 JUL 2013 • POR Via IG • 11h36Luxemburgo ficou um ano e quatro meses no Grêmio, mas não conquistou títulos. (Foto: Futura Press)
Salários altos, comissão técnica inchada, multas rescisórias milionárias e garantia zero de títulos. O “projeto” de Vanderlei Luxemburgo está em crise. Demitido do Grêmio no final do mês passado, o técnico se vê em situação inédita em sua carreira: a falta de mercado. Sem fazer um grande trabalho há anos, o treinador precisa se reinventar ou corre o risco de terminar o ano de 2013 desempregado.A última vez que Luxemburgo realizou um trabalho duradouro foi entre 2006 e 2007. Na ocasião, o técnico ficou duas temporadas à frente do Santos , mas não conseguiu títulos. A mais recente conquista de expressão foi o Brasileirão de 2004, também pelo time da Vila Belmiro.
De lá para cá, o treinador até venceu cinco campeonatos estaduais por Santos (2006 e 2007), Palmeiras (2008), Atlético-MG (2010) e Flamengo (2011), mas é pouco para quem já foi considerado o melhor do Brasil. Nessas quatro equipes, e também no Grêmio, a falta de títulos de âmbito nacional e, principalmente, continental, pesou contra e ele não emplacou dois anos seguidos em um mesmo clube.
Outro ponto que não ajuda mais Luxemburgo é o fato de o treinador trabalhar uma comissão técnica numerosa. Para todo clube que vai, ele leva o preparador físico Antônio Mello. Quando possível, arrasta também o fisioterapeuta Nilton Petrone, o Filé, que desta vez permaneceu no Grêmio. Fisiologistas e nutricionista estiveram sempre em cada time dirigido pelo técnico recentemente.
No Atlético-MG, onde ficou por somente nove meses, o técnico inovou e contratou oito nomes para sua comissão. Entre eles estava o ex-árbitro Wágner Tardelli como instrutor sob o argumento de que os jogadores não conhecem as regras do futebol. “Vamos usar o código disciplinar a nosso favor”, disse o comandante à época. Havia também um cinegrafista. O trabalho ruiu em nove meses.
O alto valor cobrado por Luxemburgo sempre espantou. Mas, como os clubes acreditavam no “projeto”, isso nunca foi um grande empecilho. Em sua última passagem pelo Santos, o treinador recebia cerca de R$ 500 mil mensais. Valores semelhantes foram pagos por Flamengo e Atlético-MG. No Grêmio, a quantia teria subido para R$ 600 mil por mês.
Se o investimento já não compensa mais, as caras multas rescisórias praticamente fecham as portas para o técnico. A cláusula com a equipe gaúcha era de R$ 7 milhões. No time mineiro, R$ 4 milhões. Números que fazem dirigentes de qualquer clube brasileiro pensar duas vezes.
No São Paulo, Juvenal Juvêncio despediu Ney Franco há duas semanas e, antes mesmo de decidir por Paulo Autuori, anunciou que o nome de Luxemburgo não estava nos planos. O mesmo fez o Flamengo quando trocou Jorginho por Mano Menezes. O Santos mandou Muricy Ramalho embora, mas buscou duas opções argentinas; sem o acerto, segue com o interino Claudinei Oliveira.
Ainda considerado bom taticamente, o treinador tem a alternativa de diminuir seu preço e o tamanho da comissão técnica para se manter no mercado dos maiores clubes brasileiros. Ou deixar seu status de "manager" e dedicar-se somente ao campo de jogo, sem participar de negociações de atletas.