Política

"Ele fechou a mão duas vezes para me bater", diz candidata sobre Kemp

Candidato a prefeito pelo PT protagonizou cena de descontrole no comitê

29 OUT 2020 • POR Matheus Rondon, Joilson Francelino • 19h09
Reprodução/Internet

A candidata a vereadora de Campo Grande, Karla Cânepa, do PT, falou nesta quinta-feira (29), ao JD1 Noticias, sobre o vídeo que circula na internet onde o deputado estadual e candidato a prefeito de Campo Grande, Pedro Kemp, do mesmo partido, aparece gritando com a correligionária.

No vídeo, Kemp aparece gritando e se levantando contra a candidata de mesmo partido. O motivo da discussão seria pelo fato da candidata ter postado no grupo de WhatsApp o valor do fundo partidário e questionado o motivo de alguns receberem mais do que outros.

Karla Cânepa discorre sobre o acontecido, que alguém do grupo teria tirado print da conversa e mandado para Kemp, nesse momento o candidato ligou para Karla, alterado e gritando, pedindo explicações. Nesse momento Karla teria encerrado a ligação, pois estava em reunião no comitê. Após isso Pedro foi até o comitê tirar satisfações, nervoso e gritando, segundo a candidata.

Cânepa conta que sempre buscou trabalhar com transparência e fatos esclarecidos. "Desde o começo eu cobrava atitudes igualitárias, prestação de contas limpas, que é o que eu levo, ele queria que eu retirasse a minha postagem por que eu o chamava de demagogo, aí eu falei que não ia fazer isso. Foram 40 minutos de terror”, conta Karla.

A candidata relatou o momento em que Kemp chegou ao seu comitê proferindo as ameaças. “Ai a gente pediu pra ele se retirar, ele não se retirou, não quis sair daqui e se alterou mais, na hora que ele segurou no braço querendo que eu me retratasse, foi a hora que eu fiquei muito nervosa, ai eu falei pra ele tirar a mão de mim, mas ele fechou a mão umas duas vezes pra me bater, e a discussão foi indo, ele me chamou de cínica, falou que eu chamei ele de demagogo. Falei que chamei sim, você prometeu que não haveria desigualdade entre os valores”, detalha.

A candidata explicou a intenção não era que o vídeo vazasse. “O meu irmão ficou muito revoltado. Ontem eu estava em reunião política quando ele soltou o vídeo, nem me avisaram, nem sabia, não era minha intenção, mas não tinha como segurar. Disse que a questão não é nem política é a agressão. Tanto que o nosso número é 13180, a gente escolheu esse número por que sempre fui militante, feminista”, explica Karla também sobre a escolha do número, para associar ao disk denúncia à violência contra a mulher, 180.

Karla conta que está sofrendo pressão dentro do partido. “Nossa campanha está sofrendo opressão dentro do partido, eles querendo me expulsar. Mas eles vão alegar o que?”, disse Cânepa ao mencionar que foi removida do grupo de candidatos a vereadores do partido, no WhatsApp. A candidata conclui ressaltando que não infringiu nada e que alguns correligionários a chamam de “infiltradora do Trad”. “é tanta coisa que não tem cabimento.”, finaliza.

Questionada sobre o temperamento de Kemp, Karla disse que não tem proximidade suficiente pra dizer se foi um caso isolado ou não. Karla Cânepa registrou um boletim de ocorrência nesta tarde contra Pedro Kemp.

Kemp também deu sua versão dos fatos em nota publicada nas redes sociais. Leia a nota na íntegra.

NOTA PÚBLICA

"Em face de um vídeo gravado em torno de uma discussão interna envolvendo a condução da campanha pelo meu partido, tenho a esclarecer o seguinte:

Fui acusado pela candidata a vereadora Karla Cânepa de ser injusto com os candidatos a vereadores da nossa chapa e de promover a distribuição desigual dos recursos partidários, de forma a privilegiar uns em prejuízo dos demais. A candidata procurou estabelecer no grupo da chapa proporcional um clima de desconfiança em relação a minha pessoa, colocando em dúvida minha conduta moral e questionando minha honestidade.

A candidata, desde o início da campanha, veio reiteradamente fazendo falsas acusações a mim, a outras candidatas e a nossa candidata a vice-prefeita. Quanto a mim, agrediu minha honra e minha trajetória, construídas ao longo de 40 anos de militância no movimento dos direitos humanos e de 20 anos de atuação parlamentar, sempre em defesa da justiça e da dignidade das pessoas, em especial dos mais pobres e injustiçados da sociedade.

Fui escolhido consensualmente pelo Partido dos Trabalhadores como candidato a prefeito de Campo Grande e sempre tratei a todos os candidatos e candidatas a vereadores de forma fraterna e respeitosa. Ciente das acusações inverídicas e difamatórias da candidata, após tentativa frustrada de diálogo via telefone, avisei sua assessoria que iria ao seu encontro. Dirigi-me ao seu comitê eleitoral, local público e onde a mesma se encontrava com seus assessores, com o objetivo de esclarecer a verdade. Exaltei-me diante das más intenções da candidata, que reafirmava suas falsas acusações, pois durante toda minha vida pública nunca aceitei injustiças. Após feitos os esclarecimentos, inclusive que da parte dos recursos que me cabia opinar fiz a defesa da distribuição igual para todos, pedi desculpas a ela e a todos os presentes pela forma como reagi às suas acusações. Fui surpreendido 24 horas depois com esse vídeo editado e mal-intencionado, que omite meu pedido de desculpas e a conclusão da nossa conversa.

Reitero meu compromisso com meus companheiros e companheiras de partido de prosseguir na disputa eleitoral, defendendo um projeto de uma Campo Grande mais humana, democrática e para todos e todas.

Pedro Kemp, Deputado Estadual e candidato a prefeito de Campo Grande"