Saúde

Governo de MS lança mosquito com Wobachia no combate à dengue na capital

A ação realizada hoje marcará a inauguração da Biofábrica que tem capacidade para produzir 1,5 milhão de mosquito com Wolbachia por semana

10 DEZ 2020 • POR Sarah Chaves, com informações da Assessoria • 08h30
Além do Aero Rancho, as liberações serão realizadas nos bairros Guanandi, Batistão, Centenário, Coophavila II, Tijuca e Lageado - Edemir Rodrigues

O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES), inaugura nesta quinta-feira (10), a Biofábrica instalada na sede do Laboratório Central de Mato Grosso do Sul (Lacen/MS), que terá como missão a redução de casos de Dengue, Zika e Chikungunya no Estado.  

A Biofábrica tem capacidade de produção semanal de um milhão e meio de mosquitos com bactéria Wolbachia, que devem se reproduzir com o Aedes e diminuir as doenças causadas pelo inseto.

Em razão da pandemia do coronavírus, o lançamento da Biofábrica será fechado, aberto apenas para as autoridades. Às 10h, respeitando todos os protocolos de biossegurança, será feita a primeira soltura do mosquito wolbito, no Parque Ayrton Senna, no bairro Aero Rancho, em Campo Grande.

Esta ação reforça as iniciativas da SES no combate à Dengue, Zika e Chikungunya e integra o calendário da Campanha “Aproveite a Quarentena e Limpe o seu Quintal”. Criada pelo World Mosquito Program (WMP), o método é financiado pelo Ministério da Saúde e conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), implementado em Campo Grande com apoio da SES e da Secretaria Municipal de Saúde (SESAU).

Para o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, a iniciativa representa um verdadeiro alívio para Mato Grosso do Sul, que sofre com a doença há muitos anos. “Apenas os investimentos na ciência e na pesquisa, como o Governo de MS tem feito, poderemos encontrar soluções para combater eventuais epidemias. Mas nós queremos expandir este projeto do Método Wolbachia para outras cidades sul-mato-grossenses como Corumbá, Dourados e Ponta Porã”.

Líder do Método Wolbachia no Brasil e pesquisador da Fiocruz, Luciano Moreira explica que o projeto é resultado da descoberta do WMP de que o mosquito Aedes aegypti, quando contém a bactéria Wolbachia, tem sua capacidade reduzida de transmitir as três doenças citadas. “Campo Grande é uma cidade de médio porte que tem problemas de Dengue e, então, foi escolhida no Centro-Oeste para mostrar que o projeto pode funcionar em diversos biomas do Brasil”.

Na fase de liberação dos mosquitos infectados por Wolbachia, por determinado período, cerca de 16 semanas, vão se cruzando na natureza e, com o passar do tempo, haverá uma grande porcentagem do mosquito naquela localidade com a Wolbachia, com isso haverá redução das doenças.

Além do Aero Rancho, as liberações serão realizadas nos bairros: Guanandi, Batistão, Centenário, Coophavila II, Tijuca e Lageado. Nestes bairros, os wolbitos como são chamados os mosquitos, serão liberados semanalmente, durante 16 semanas, por agentes de saúde. As liberações ocorrerão no período da manhã e serão feitas por meio de veículos cedidos pela SES.  No próximo semestre, os próximos bairros a receberem os mosquitos serão: Alves Pereira, Centro Oeste, Jacy, Jockey Club, Los Angeles, Parati, Pioneiros, Piratininga, Taquarussu, Moreninha e América.

Método Wolbachia

A Wolbachia é uma bactéria intracelular presente em 60% dos insetos da natureza, mas que não estava presente no Aedes aegypti. Quando presente neste mosquito, ela impede que os vírus da Dengue, Zika, Chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro do mosquito, contribuindo para redução destas doenças. Não há modificação genética nem no mosquito, nem na bactéria.

O Método Wolbachia consiste na liberação de Aedes aegypti com Wolbachia para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais e gerar uma nova população destes mosquitos, todos com essa bactéria. 

Desenvolvido na Austrália pelo World Mosquito Program, o Método Wolbachia é uma iniciativa internacional sem fins lucrativos que trabalha no combate às doenças transmitidas por mosquitos. Atualmente operando em 12 países, em mais de 20 cidades, o método tem apresentado resultados promissores nas diferentes localidades. Há quatro anos não se tem registro de casos autóctones de dengue na Austrália. Na Indonésia, um estudo clínico randomizado (RCT), padrão ouro na epidemiologia, demonstrou 77% de redução nos casos de dengue.

No Brasil, o método iniciado em partes dos municípios do Rio de Janeiro e Niterói, tem os resultados preliminares que apontam redução de 75% de casos de Chikungunya em áreas com o wolbito. Atualmente, o método do WMP está sendo implementado nas cidades de Campo Grande (MS), Petrolina (PE) e Belo Horizonte (MG).