Brasil

Após intervenção na presidência da Petrobras, ações da estatal caem 20%

A bolsa de valores brasileira também opera em forte queda de mais de 5%

22 FEV 2021 • POR Da Redação, com informações do Estadão • 13h30

As ações da Petrobrás foram as mais atingidas após mudanças realizadas pelo presidente Jair Bolsonaro ao trocar o presidente da estatal, com uma queda que chega à casa dos 20%.

Mas os efeitos não se restringem à Petrobrás. Os papéis de outras estatais também têm queda forte: Banco do Brasil cai quase 12%, e Eletrobrás, cerca de 5%.

Puxada pelo desempenho das estatais, a B3, bolsa paulista, opera em queda de mais de 5%. O dólar sobe cerca de 2% e ultrapassou a casa dos R$ 5,50.  A turbulência também faz crescer a aposta na alta dos juros: aumentaram as projeções de aumentos de 0,5 ponto porcentual da Selic em março e maio.

Apenas na primeira hora de pregão hoje o valor de mercado da Petrobrás caiu R$ 85 bilhões. Isso, depois de perder quase R$ 30 bilhões na sexta-feira. Pelo menos seis instituições financeiras rebaixaram a recomendação para os papeis e reduziram o preço-alvo da companhia para os próximos 12 meses.

Pelo menos seis bancos e casas de investimento cortaram a recomendação dos papéis da Petrobrás - XP, Guide, Safra, BTG Pactual, Credit Suisse e Bradesco BBI -, apontando os riscos à política de preços da empresa pode com a mudança na presidência e também a nebulosidade que isso traz para outras iniciativas da empresa, como a venda de ativos não essenciais e a alocação de capital no pré-sal, considerado mais rentável.

Ainda no fim de semana, a XP rebaixou a recomendação das ações da Petrobrás para "venda", de "neutro" anteriormente. Também revisou o preço-alvo do papel de R$ 32 para R$ 24.

No Safra, o preço-alvo para as ações passou de R$ 40 para R$ 29,50. "O principal motivo é a incerteza trazida pela maior interferência do governo na empresa, em vez de uma opinião negativa sobre o Luna. Esperamos mais volatilidade no preço das ações e limite de valorização no curto prazo", escreveram os analistas Conrado Vegner e Victor Chen.

Para membros do conselho de administração da Petrobrás, a mudança no comando da empresa é vista como inevitável. Alguns conselheiros da estatal estudam votar pela recondução do presidente Roberto Castello Branco, mas o estatuto dá poder à União para fazer a troca.

O mercado também acompanha novas mudanças prometidas por Bolsonaro. No sábado, ele disse que fará trocas no governo envolvendo o primeiro escalão. "Vamos meter o dedo na energia elétrica, que é outro problema também", completou.