Saúde

Covid-19 mata digital influencer, pai e avó em cinco dias

Jovem morreu em um domingo, a avó segunda-feira e o pai quinta-feira

6 MAR 2021 • POR Matheus Rondon, com informações do G1 • 14h14
Catia, Mario e Carmelina morreram com cinco dias de diferença por Covid-19 - Foto: Luis Ricardo de Oliveira dos Santos/Arquivo Pessoal.

Em cinco dias, a Covid-19 matou uma jovem, de 31 anos, o pai dela, de 65, e a avó materna, de 82 anos. Eles moravam nas cidades de Itaquaquecetuba e Mogi das Cruzes. "Um abalo terrível na família. Um transtorno muito grande. Era uma casa cheia. Em sete dias enterramos três".

Catia Antunes dos Santos estava há dois anos lutando contra mielodisplasia e mielofibrose, doenças causadas pelo mal funcionamento da medula óssea que podem evoluir para leucemia, o câncer no sangue. Nas redes sociais, contava a outras pessoas que passavam por este tipo de situação sobre sua rotina.

A jovem já tinha passado há um ano por um transplante de medula óssea doada pelo irmão Rubens, que era 100% compatível. O procedimento reverteu o quadro da mielofibrose. O segundo transplante seria feito com a medula da irmã, 50% compatível. No entanto, a Covid-19 chegou antes que ela pudesse vencer a luta contra a mielodisplasia.

Em 31 de janeiro, ela se internou no Hospital das Clínicas de São Paulo. A programação era colocar um cateter e passar por sessões de quimioterapia, para na semana seguinte receber a medula. A digital influencer contou aos médicos que o marido estava com sintomas da doença.

Ela foi testada e o resultado deu negativo. Ainda assim, os médicos a mandaram para casa, com a orientação que ficasse em um local distante do marido. Ela então foi para a casa dos pais, em Itaquaquecetuba.

"A equipe médica disse que poderia ser fatal se ela passasse pelo transplante e estivesse com a Covid-19. Nessa semana seguinte, o pai dela a levava até o HC para fazer os exames. Enquanto isso eu estava em casa, em Mogi, com os sintomas se agravando. No final de semana seguinte, eles testaram de novo e ela estava com a Covid-19. Eles então orientaram que ela viesse para a nossa casa, porque poderia contaminar os pais", relembra Luis.

No segundo dia que estava com o marido, os dois ficaram muito mal, com cansaço extremo. A equipe do HC ligou para acompanhar a situação e ela contou que a saturação estava em 86. Eles decidiram que ela deveria ser internada, no dia 9 de fevereiro, para tratar da Covid-19.

"Era muito difícil imaginar que ela estava passando por aquilo. Ela tomava remédio para manter a medula que tinha recebido do irmão e não poderia demorar. Parecia que tudo estava dando errado", conta Luis.

"A equipe médica disse que poderia ser fatal se ela passasse pelo transplante e estivesse com a Covid-19. Nessa semana seguinte, o pai dela a levava até o HC para fazer os exames. Enquanto isso eu estava em casa, em Mogi, com os sintomas se agravando. No final de semana seguinte, eles testaram de novo e ela estava com a Covid-19. Eles então orientaram que ela viesse para a nossa casa, porque poderia contaminar os pais", relembra Luis.

No segundo dia que estava com o marido, os dois ficaram muito mal, com cansaço extremo. A equipe do HC ligou para acompanhar a situação e ela contou que a saturação estava em 86. Eles decidiram que ela deveria ser internada, no dia 9 de fevereiro, para tratar da Covid-19.

"Era muito difícil imaginar que ela estava passando por aquilo. Ela tomava remédio para manter a medula que tinha recebido do irmão e não poderia demorar. Parecia que tudo estava dando errado", conta Luis.

Na mesma data, Luís Ricardo também procurou atendimento no Hospital Municipal de Mogi. Apesar da baixa saturação, os médicos orientaram a continuar o tratamento em casa, mas não poderia ficar sozinho. Ele então foi para a casa dos pais de Catia, ficar em um imóvel nos fundos.

Quando chegou lá, o sogro disse que também estava com os sintomas da Covid-19. Nos dias seguintes a sogra e a mãe dela, avó de Catia, também apresentavam saturação baixa.

"Com o tempo, eu já estava bem. Tanto que eu internei o pai dela no hospital, na Mooca, no dia 17 de fevereiro. Um dia depois, a avó dela também foi internada, mas no Santa Marcelina de Itaquaquecetuba", diz.

Os boletins médicos atualizavam o estado de saúde cada vez mais sensível. Estava entubada há nove dias, o rim, o fluxo de oxigênio e a pressão arterial ruins. Curado da Covid-19, no dia 20 de fevereiro, um sábado, Luis foi ficar com a família na região rural de Mogi. Lá ele recebeu a notícia que tanto temia. Catia não havia resistido ao novo coronavírus.