Brasil

Longen vê reajuste do gás natural como prejudicial para empresas

Empregos também serão impactados na avaliação do presidente da FIEMS

7 ABR 2021 • POR Joilson Francelino, com informações da assessoria • 16h46

O reajuste de 39% por metro cúbico no preço do gás natural, anunciado na segunda-feira (5) pela Petrobras não vai trazer benefícios à indústria, aos distribuidores e, tampouco, aos consumidores sul-mato-grossenses. Na avaliação do presidente da FIEMS (Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul), Sérgio Longen, este novo reajuste é um descompasso diante da fragilidade econômica vivida pelo Brasil atual. “Como você pode ter no Brasil 2,5%, 3,5% de inflação e como é que você pode ter um reajuste de 39% num produto que é a base da economia da indústria? Na média de energia hoje, o reajuste é 15%, 20%, 30%, 18%, 27%. Ou seja, você vê que há um descontrole das contas públicas e dos números administrados pelo governo federal”.

Conforme o anúncio da Petrobras, o reajuste passa a valer a partir de 1º de maio para as distribuidoras. O índice, de 39% aplicado pela estatal, resulta da política adotada pelo governo federal, que vincula o preço do petróleo à taxa de câmbio. A atualização de preços é trimestral, tendo como referência os preços de janeiro, fevereiro e março para maio, junho e julho. No período de janeiro, fevereiro e março, o petróleo teve alta de 38%. Outro ponto que impactou no reajuste é a desvalorização do real.

Ainda segundo a Petrobras, quando for considerada a medida por milhão de BTU, o reajuste chega a 32%. Essa, unidade de medida utilizada pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido, é cotada em dólar.

Para Sérgio Longen, o País necessita de ações que considerem o momento econômico. “Eu entendo nós precisamos reavaliar a economia como um todo em nível federal para que possamos melhorar a base da economia a nível estadual e nas empresas e nos negócios”, sugere.

Porque, além da escolha por atrelar o preço do petróleo ao câmbio, há ainda a atualização do produto pelo IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado). O IGP-M registrou no período de março de 2020 a março de 2021, alta de 31%. “Os nossos indicadores, eles estão desnivelados. Em primeiro lugar eu acho que nós precisamos de um rearranjo da economia em nível nacional. As coisas públicas estão perdendo um pouco de referência, principalmente na base econômica”, alerta Sérgio Longen.

Hoje, os reajustes prejudicam a produção industrial, a competitividade dos empresários e reduz as chances de recuperação do estoque de empregos já duramente prejudicado pela pandemia de covid-19. Caso a situação não seja repensada, as dificuldades serão acentuadas, analisa o presidente da FIEMS. “A gente vê um desemprego enorme. Cada vez mais os governos federal, estadual e municipal tentando um rearranjo para fazer com que as ações políticas possam dar subsídio à economia e a gente vê a dificuldade que a gente está tendo”.