Rock in Rio capta R$ 8,8 milhões via Lei Rouanet
17 SET 2013 • POR Via Folha • 11h50Justin Timberlake se apresenta no palco Mundo, encerrando o terceiro dia de shows do Rock in Rio. (Foto: Adriano Vizoni/Folhapress)
Sucesso de público e de marketing, com um faturamento milionário, o Rock in Rio recorreu novamente à Lei Rouanet, que permite aos patrocinadores dedução no Imposto de Renda, para bancar parte de seus custos.A quinta edição brasileira do festival, que começou na última sexta (13), foi autorizada pelo Ministério da Cultura a captar cerca de R$ 12 milhões - deste total, já arrecadou R$ 8,75 milhões, tendo como principais apoiadores os Correios (R$ 2,1 milhões), a Sky (R$ 2 milhões) e a Redecard (R$ 2 milhões).
Roberto Medina, o criador do Rock in Rio, já havia anunciado que, a exemplo da edição de 2011, o festival deste ano também buscaria patrocínio via Lei Rouanet.
"Renúncia fiscal é um instrumento que qualquer empresário pode e deve usar. É uma parte pequena do investimento total, foram R$ 12 milhões na última edição [2011]", disse o empresário no ano passado, durante o anúncio de sua parceria com Eike Batista, que comprou metade das ações do festival.
De acordo com os organizadores, o custo total de produção do Rock in Rio 2013 foi de R$ 135 milhões para os sete dias de evento. Apenas com a venda de ingressos (85 mil por dia, ao custo de R$ 260 ou, com meia entrada, R$ 130) o festival teve receita de quase R$ 88 milhões, segundo informou ao MinC.
O Rock in Rio arrecada ainda mais com patrocínios - em 2011 foram R$ 64 milhões e, segundo Medina informou no ano passado, a edição atual iria chegar a R$ 100 milhões, com 73 marcas presentes na Cidade do Rock.
Há ainda o lucro da venda de produtos com a marca do festival - os organizadores não divulgam previsão de faturamento.
Contestação
Um parecerista externo ao Ministério da Cultura, que avaliou a inscrição da atual edição do festival na Lei Rouanet, manifestou-se contra a aprovação, "tendo em vista que o referido projeto possui condições próprias para se apoiar em sua própria estrutura, buscando aporte financeiro de forma espontânea a partir do apelo que a marca Rock in Rio imprime no mundo inteiro".
Além disso, contestou a venda preferencial de ingressos para portadores de cartão de crédito ligado a um dos patrocinadores (que puderam comprar o primeiro lote antes das demais pessoas).
"Fica caracterizada venda de ingressos a público restrito ou privilegiado para os primeiros lotes de ingressos voltado para o patrocinador (...). Esse tipo de restrição contraria a lei 8.313/91", escreveu.
A questão foi então analisada pela Comissão Nacional de Incentivo a Cultura (Cnic), que reavaliou o projeto e decidiu aprovar o uso da Rouanet pelo Rock in Rio.
Segundo o MinC, "o motivo pelo qual havia sido indeferido, 'por possuir condições próprias para se apoiar em sua própria estrutura', não é previsto em lei".
Quanto à venda preferencial de ingressos, novamente os conselheiros do Cnic não viram desrespeito à lei.
"Não há caracterização de privilégio quando se estabelecem lotes especiais para patrocinadores, uma vez que a lei permite que até 10% dos ingressos sejam destinados aos patrocinadores, afirmou o MinC, por meio de sua assessoria de imprensa.