COVID: O desespero de quem aguarda UTI, em UPA
Filha que está com mãe intubada relata dor "na fila" por leito
25 MAI 2021 • POR Joilson Francelino • 12h42A situação da pandemia se agrava a cada dia e é desesperador o relato de pessoas que estão com algum familiar internado em Unidade de Pronto Atendimento (UPA), na fila por um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A auxiliar de limpeza, Débora Aparecida dos Santos, 32 anos, é uma delas, que está com sua mãe, a aposentada Valdete Aparecida de Souza, 49 anos, internada na UPA Universitário.
Dona Valdete está internada na unidade de saúde desde a madrugada de sexta-feira (21). Ela deu entrada na unidade após fazer o exame para Covid-19, que deu positivo no último domingo (23). Com hipertensão, renal crônica e obesidade entre as comorbidades, a aposentada teve piora no estado de saúde e precisou ser intubada nesta terça-feira (25).
Segundo a filha, alguns procedimentos que a mãe precisa não estão disponíveis na unidade de saúde. “Ela precisa fazer uma gasometria, porém, o aparelho da UPA está quebrado, precisa fazer uma tomografia, e não tem, precisa ser acompanhada por um médico renal, um cardiologista e um especialista em trombofilia, que também não tem no UPA”, relata a filha. Débora ainda acrescentou que há uma ordem judicial para que o município disponibilize leito de UTI, porém, nem assim conseguiu.
O que a SESAU diz
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a paciente encontra-se em processo de regulação e assim que houver disponibilidade de vaga, será transferida. Sobre os procedimentos que a filha relatou não ter na UPA Universitário, o órgão informou que os serviços mecionados “só são disponibilizados em âmbito hospitalar, no entanto a paciente está recebendo toda a assistência possível dentro da unidade, sendo acompanhado pela equipe de médicos e enfermeiros”.
A SESAU ainda acrescentou que desde o início da pandemia, março de 2020, “Campo Grande triplicou a capacidade de internação de pacientes em estado crítico, saindo de 116 para 337 leitos de UTI contratualizados na rede pública, privada e filantrópica para assegurar a assistência necessária à população”.
Sobre a quantidade de pacientes internados aguardando transferência, o órgão disse que o “número é flutuante, podendo oscilar para mais ou para menos dependendo do cenário momentâneo”. “É importante ressaltar que os leitos não são ocupados somente por pacientes com Covid, sendo os mesmos utilizados para absorver toda a demanda resultante de diversas patologias e agravos como emergências clínicas, sobretudo, os traumas, ou seja, acidentes de trânsito, que representam uma parcela significativa das internações. Nesta semana, a taxa de ocupação de UTI global oscilou entre 94% a 96%”, completou.