Política

Infectologista que ficou apenas 10 dias na Saúde depõe à CPI da Pandemia

Depoimento de Luana Araújo foi antecipado para hoje em estratégia de senadores da CPI para que ela fosse ouvida antes do ministro Queiroga

2 JUN 2021 • POR Gabrielly Gonzalez, com CNN • 07h54

A médica infectologista Luana Araújo presta depoimento à CPI da Pandemia nesta quarta-feira (2), a partir das 9h30. Crítica ao uso de remédios sem eficácia comprovada contra à Covid-19, a infectologista foi indicada pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a exercer o cargo de secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19; entretanto, a nomeação foi cancelada após a médica ter atuado por apenas dez dias.

O requerimento para convocação de Luana Araújo foi feito pelos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Humberto Costa (PT-PE) logo após o anúncio do cancelamento da nomeação.

A CPI quer saber da médica as razões pela desistência de sua nomeação no Ministério da Saúde. O depoimento de Luana Araújo foi antecipado como estratégia para coletar novas informações e poder ter novos elementos para confrontar o atual ministro da Saúde,  Marcelo Queiroga, que prestará depoimento à CPI na próxima terça-feira (8). 

A princípio, estava prevista para esta quarta-feira uma audiência pública para ouvir médicos e pesquisadores favoráveis e contrários ao uso de medicamentos como a cloroquina no chamado tratamento precoce contra a Covid-19.

Os médicos Clovis Arns da Cunha e Zeliete Zambom haviam sido convocados para falar contra o tratamento. Já para defender o tratamento precoce, a comissão ouviria os médicos Francisco Eduardo Cardoso Alves e Paulo Márcio Porto de Melo.

Na reunião da CPI desta terça-feira (1º), o senador Marcos Rogério (DEM-RO) apresentou questão de ordem contra a mudança de pauta, alegando ser "intempestiva" e "desrespeitosa" com os depoentes já previstos. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), pediu desculpas pelo transtorno, mas alegou que a CPI "é muito dinâmica" e manteve a oitiva de Luana Araújo.

Os senadores Luís Carlos Heinze (PP-RS) e Eduardo Girão (Podemos-CE) pediram que os depoimentos cancelados sejam remarcados. 

Nomeação ao Ministério da Saúde

Luana Araújo foi anunciada no dia 12 de maio pelo ministro Marcelo Queiroga durante o lançamento da campanha de conscientização sobre medidas preventivas e vacinação contra Covid-19. A Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 foi criada no dia anterior para centralizar as ações de combate à pandemia. 

Dez dias após a nomeação, a pasta confirmou que a médica infectologista não exerceria mais o cargo. De acordo com nota publicada pelo ministério, a pasta busca outro nome com "perfil profissional semelhante: técnico e baseado em evidências científicas". 

"A pasta agradece à profissional pelos serviços prestados e deseja sucesso na sua trajetória", disse o comunicado. 

A médica, por sua vez, agradeceu a Queiroga pela oportunidade e disse ter deixado o cargo "pela porta da frente". Ela não compartilhou o motivo da saída. 

"Neste curto período de atuação, ainda que sem nomeação oficial, pude desenvolver trabalhos em várias frentes, incluindo o plano de testagem agora apresentado pelo Ministro da Saúde. Saio desta experiência como entrei: pela porta da frente, com a consciência e o coração tranquilos, ciente de que neste curto período entreguei o melhor da minha capacidade de acordo com os princípios que tenho como profissional especialista na área: ética, cientificidade, agilidade, eficiência, empatia e assistência", escreveu Araújo em uma publicação no LinkedIn.