Esportes

Cigano repete erros e agora terá de se reinventar para recomeçar no UFC

21 OUT 2013 • POR Via Uol • 10h09
Junior Cigano tenta agarrar Cain Velasquez durante luta pelo cinturão dos pesados no UFC 166. (Foto: AP Photo/Pat Sullivan)
Junior Cigano chegou ao UFC em 2008 como uma completa incógnita. Ninguém sabia o que esperar do catarinense radicado em Salvador apadrinhado por Rodrigo Minotauro e que, logo na estreia, enfrentaria o top contender Fabrício Werdum. Era quase impossível prever qual seria seu caminho. Agora, depois de perder novamente para Cain Velasquez, ele vive uma situação muito semelhante.

Com o norte-americano demonstrando que ficará com o cinturão por muito tempo – pelo menos qualidade técnica para isso ele tem – Cigano terá de percorrer um caminho que não encontre com o de Cain. Depois das duas surras que levou, Junior não pode contar em enfrentar Velasquez novamente, pelo menos não por um longo tempo. Enquanto ele for campeão, o brasileiro ficará bem distante de uma nova disputa de cinturão.

Mas o que deixou ainda mais nebuloso o futuro de Junior Cigano foram seus erros durante a terceira luta contra Cain, no último sábado, no UFC 166, muitos deles repetidos da segunda luta em dezembro passado, em Las Vegas. Depois de ficar famoso por ser um exímio boxeador, ele cometeu mais uma vez falhas básicas.

Assim como tinha acontecido no UFC 155, ele andou errado, cruzou as pernas, perdeu velocidade de movimentação com isso. Mais uma vez ele ficou mais tempo atrás de um golpe único e salvador, como em sua vitória sobre Cain em 2011, do que necessariamente buscar sequências rápidas ou inteligentes.

Em sua sequência inicial no Ultimate, Junior abusou de um boxe quase impecável. Jogo de pernas para achar a distância certa, sequências, fintas para buscar o upper, esquivas. Assim, conseguiu oito vitórias até o cinturão, com seis nocautes. Mas ele não conseguiu apresentar nada disso nas duas últimas lutas contra Velasquez. Foi alvo fácil, ficou parado na grade, não fugia das aproximações do rival. Como se tivesse regredido.

Cigano terá daqui para frente um recomeço no UFC, fica complicado até pensar quem poderia ser seu próximo rival ou apontar um bom caminho para ele. Mas ele precisa achar um jeito de ser reinventar dentro do octógono. Ou seu jogo já ficou manjado, pelo menos para Velasquez, ou ele precisa reencontrar seu caminho.

Vendo o que ele já fez anos atrás e o que aconteceu recentemente, é possível identificar um decréscimo de sua técnica no geral, apesar da evolução em alguns pontos, como o wrestling. Talvez seja a hora de ele buscar uma nova casa, revolucionar sua equipe e sua preparação, voltar para o banco de escola, estudar mais até mesmo o próprio boxe. Talvez Salvador tenha ficado muito pequena para o tamanho que esse gigante pode ter.