Justiça

PM acusado de matar adolescente em 2017 com um tiro na nuca vai a julgamento

Família espera provar inocência da vítima e punição exemplar para o réu

9 SET 2021 • POR Méri Oliveira • 16h35
PM vai a júri depois de quatro anos do crime - Assessoria TJMS

O policial militar Gésus Fernandes de Oliveira, acusado de matar o adolescente de Luiz Junior Souza, de 17 anos em junho de 2017, deve ir a júri popular na próxima terça-feira (14), em Campo Grande. Na noite de 10 de junho de 2017, o policial assassinou o garoto e em seguida, fugiu. Ao se entregar, alegou legítima defesa, dizendo que a vítima estava armada, mas a suposta arma não foi encontrada pela polícia. 

De acordo com a denúncia do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), Gésus atirou em Junior durante uma brifa em uma casa noturna, e teria dito em depoimento que o adolescente teria atirado primeiro, por duas vezes, em sua direção. A família de Junior nega a versão do policial, alega e espera conseguir provar a inocência do adolescente. 

"Meu irmão era inocente, a gente quer provar que a versão que ele (Gésus) tá falando é totalmente mentirosa, meu irmão não tinha passagem na polícia, não era envolvido com droga, com nada. Dois tiros nele, e um tiro na nuca, um tiro por trás. Eles acham que a gente não ia correr atrás por ele ser PM, mas graças a Deus saiu o júri e a gente tá tentando a condenação para que ele pague por matar uma pessoa inocente", afirma Jéssica Souza, irmã de Luiz.

Outra dúvida é em relação à sentença, pois de acordo com Jéssica, o advogado da família disse que a condenação é certa, mas ainda não é possível saber qual será a pena aplicada. "A gente quer que ele pegue a pena máxima, a gente quer saber se ele vai perder a farda, porque ele ainda tá solto. Na época a gente ficou sabendo que ele entregou a arma e o distintivo, mas depois de um tempo, tava tudo normal", conta. 

Ainda segundo a denúncia do MP, as acusações que pesam contra o PM são de homicídio doloso, qualificado por recurso que dificultou a defesa da vítima. A Justiça afastou a qualificadora, mas o Ministério Público recorreu da decisão e caberá ao conselho de sentença avaliar se realmente foi um caso de legítima defesa. 

Em depoimento, ainda em 2017, Gésus relatou que acompanhava um evento em 2017, em uma casa noturna, quando ouviu barulhos de tiro na parte externa e foi verificar, quando se deparou com duas pessoas armadas, sendo um deles, supostamente, Junior. Ele então teria se apresentado como policial e pedido aos suspeitos que se deitassem no chão. Nesse momento, segundo o depoimento do PM, Luiz teria atirado contra ele por duas vezes e ele revidou, atingindo a nuca da vítima.