Saúde

No Dia Nacional da Doação de Órgãos, fila para transplante ainda é longa

Por causa da pandemia, houve queda de 26% em relação ao ano anterior

27 SET 2021 • POR Mériele Oliveira, com informações da Agência Brasil • 17h15
Campanha visa melhorar comunicação na abordagem das famílias enlutadas - Ministério da Saúde

Foi lançada pelo Ministério da Saúde (MS), hoje (27), Dia Nacional da Doação de Órgãos, uma campanha para incentivar esse tipo de ação e conscientizar para a necessidade de - apesar da dor da perda -, se doar os órgãos e salvar outras vidas. Por isso, em 2021, as peças publicitárias têm como foco o estímulo para quem deseja doar a conversar com seus familiares.

Ocorre que, de acordo com a legislação brasileira, o que prevalece é a vontade da família, que tem a palavra final nesses caso, de acordo com o ministro da Saúde substituto, Rodrigo Cruz. “É preciso conversar com a família para que esteja ciente da sua vontade e que doe”, enfatizou.

De acordo com o Ministério da Saúde, em 2020 a recusa à doação de órgãos era de 37,8% em casos de morte encefálica, apresentando leves quedas nos anos recentes: em 2018 ficou em 41,3%; 2019, 39,4%.

Outro aspecto para o qual o MS volta o olhar é para a abordagem das famílias ainda dentro dos hospitais, pois, para a coordenadora do Sistema Nacional de Transplantes, Arlene Badoch, é necessário aprimorar a capacitação dos profissionais de saúde  que têm essa responsabilidade. “Não podemos trabalhar com profissionais que não tenham treinamento. É um serviço muito técnico, que precisa de muita expertise”, ressaltou a coordenadora.  “É necessário que façamos um investimento massivo na educação continuada”, reforçou, pedindo o engajamento, nesse aspecto, das secretarias municipais e estaduais de Saúde.

De acordo com Arlene, a morte encefálica também precisa ser melhor trabalhada, a fim de ter uma identificação mais precisa quando ela ocorre, pois estima-se que mais de nove mil mortes encefálicas que propiciem a doação de órgãos passam em branco pelos profissionais de saúde.

Atualmente o Brasil tem 72.333 pacientes na fila por transplante de órgãos e tecidos e, até o momento, foram realizados 5.626 transplantes em todo o país neste ano, de acordo com o Sistema Nacional de Transplantes, contra 3.937 procedimentos realizados em 2020, quando houve uma queda brusca no número de doadores por causa da pandemia de covid-19. Em 2019 foram realizados 7.715 transplantes. 

De acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), a taxa de doação caiu 26% em 2020, se comparado a 2019. Essa queda foi observada para todos os órgãos e tecidos.