Polícia

Mães de santo e mais uma pessoa são indiciadas por desvio de R$ 50 milhões em MS

Em 30 dias a funcionária desviou R$ 50 milhões da empresa na qual trabalhava alegando medo de ser atormentada por espíritos

14 OUT 2021 • POR Brenda Assis • 17h21
Juliana Sambugaro, a “Mãe Ju”, uma das três indiciadas por desvio milionário - Reprodução

Na manhã desta quinta-feira (14) a polícia civil, por meio da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Fronteira (DEFRON), finalizou o Inquérito Policial que apura o desvio de mais de 50 milhões de reais de uma empresa e consegue recuperar cerca de 32 milhões entre valores e bens móveis e imóveis.

Conforme já divulgado pelo JD1 Notícias, na manhã do dia 29 de setembro de 2020 compareceu no 1º Distrito Policial de Dourados a coordenadora financeira de uma empresa sediada em Dourados e voltada ao agronegócio, tendo ela exposto ter sido vítima de extorsão.

Com medo de ser atormentada por espíritos malignos no dia 28 de agosto do mesmo ano passou a realizar transferências das contas bancárias da empresa onde trabalhava para outras indicadas pelas “gurus espirituais”.

Em 30 dias a funcionária desviou R$ 50.845.730,50 a empresa na qual trabalhava.

No mesmo dia em que tomou conhecimento do caso o Delegado responsável apresentou Representação ao Poder Judiciário com o intuito de ser realizado o bloqueio das contas bancárias que receberam os valores desviados.

Assim, obteve-se êxito em reter mais de 15 milhões de reais, valores que se encontravam em diversas contas bancárias, inclusive uma titularizada pelo esposo de uma das “gurus espirituais”, além de outras pertencentes a doleiros.

As diligências realizadas pela DEFRON mostraram que ao invés de estar sendo vítima de extorsão a coordenadora financeira havia procurado as duas mulheres residentes em São Paulo para que elas realizassem trabalhos espirituais que possibilitariam ocultar furtos sistematicamente por ela praticados contra a empresa.

Apurou-se que a coordenadora, desde que assumiu esse cargo na empresa, passou a adquirir imóveis rurais e urbanos, além de adquirir automóveis de luxo, situação totalmente incompatível com a remuneração de cerca de R$ 4 mil por ela percebida.

Diante dessa situação de fortes indícios da prática de furtos foi representado pelo sequestro dos bens imóveis adquiridos pela coordenadora financeira, bem como pela apreensão dos automóveis, que totalizaram mais de R$ 3 milhões.

Sobre as “gurus espirituais” que atuaram com a coordenadora nos furtos, as investigações possibilitaram a identificação delas, sendo solicitado, dentre outras providências, o sequestro de bens imóveis a elas pertencentes, a apreensão de automóveis e o bloqueio das contas bancárias.

Sobre essas duas pessoas, apurou-se que possuem extensa ficha criminal pela prática de furtos, associação criminosa e estelionatos, ostentando elevadíssimo padrão de vida.

Com essas diligências, obteve-se êxito em sequestrar bens imóveis localizados em São Paulo com valor de mercado de cerca de R$ 14 milhões. 

A Defron concluiu que na verdade, a funcionária da empresa não buscava evitar morte, como apontou inicialmente à polícia, mas procurou as ‘gurus’ para que por meio de trabalhos de magia ocultassem as fraudes por ela cometidas. Após contato, o trio  identificou a possibilidade de realizar a subtração de milionária de valores, o que de fato ocorreu.

Com a finalização dos trabalhos, que possibilitou a recuperação de cerca de 32 milhões de reais, as três mulheres foram indiciadas pela prática de furto qualificado e associação criminosa.