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Entrevista A

'Não trabalhamos com a tese de não lançamento de candidato', diz Esacheu Nascimento

26 junho 2011 - 05h50Roberto Medeiros

O advogado e presidente do diretório estadual do PMDB, Esacheu Nascimento, afirma que o partido trabalha com a tese de lançamento de candidato próprio nas próximas eleições. Ele que já esteve atuando em Brasília, ao lado de Ramez Tebet e até assumiu cargo de ministro, assume ser parlamentarista e revela que o partido tem mais de 12 mil filiados no estado e que ninguém sai candidato no pleito sem passar por cursos de formação política. Confira:

Jornal de Domingo - Desde 1992 o PMDB comanda Campo Grande, como o sr vê a possibilidade do partido ficar de fora do processo?

Esacheu Nascimento – O partido está na administração de Campo Grande por tantos anos porque tem apresentado sucessivamente bons candidatos que tem realizado boas administrações. Eu penso que o PMDB interferiu positivamente na urbanística de Campo Grande e nós pensamos que estamos credenciados a administrar a cidade. Nós não pensamos nessa possibilidade de não disputar as eleições do próximo ano. O PMDB terá candidato nas eleições de 2012. Tanto a prefeito como também a chapa completa de vereadores. Estamos na expectativa da votação de uma reforma política que pode, inclusive, impedir a realização de coligações tanto para proporcional para vereadores quanto para prefeitos. Até final de agosto vamos saber disso. O que importa é que estamos nos preparando para vencer mais uma eleição novamente.

Jornal de Domingo - O senhor pode citar nomes dos futuros candidatos?

Esacheu Nascimento – Eu prefiro não citar nomes. Eu tenho feito um debate com a executiva do partido, não tão somente Campo Grande, mas visando o conjunto dos 78 municípios do estado. Eu penso que já se esgotou o tempo em que o nome era mais importante do que o partido. Hoje, importante é o partido e o que ele tem a oferecer para as comunidades dos municípios de Mato Grosso do Sul, inclusive para Campo Grande para essa nova gestão? O nome é importante talvez pelo carisma que ele possa ter, pela própria motivação pessoal do candidato em disputar a eleição, mas o mais importante é preparar um conjunto de propostas que possa servir de motivação para o diálogo com a sociedade. Como é que está a cultura? E a área artística de Campo Grande?

Como está a infraestrutura urbana, o transporte coletivo da cidade? Quais são as propostas que o partido tem para isso? Área da saúde, educação, nós temos percorrido o Brasil discutindo essas questões por meio da Fundação Ulisses Guimarães e como estamos fazendo em outros estados, fazemos aqui também cursos de gestão pública e política, preparação de candidatos e de agentes comunitários para que possamos atuar nas políticas públicas pros positivamente. Nós não queremos mais que um candidato diga: o PMDB é o meu partido. Nós queremos que o PMDB diga; tal candidato é do PMDB. E que esse candidato assuma compromissos com o partido. Muitas vezes, o prefeito e o vereador falam em nome do partido sem ter discutido essas questões que ele levanta internamente. Nós não queremos mais continuar com esse tipo de políticos. Nós queremos políticos comprometidos com as teses e com as bandeiras do PMDB.

Jornal de Domingo – Esse assunto também foi dito por Pedro Simon no Senado, quando se referiu a Michel Temer como aliado de Dilma Roussef que toma decisões sem consultar todo o partido, apenas dois ou três senadores. Esse fato também está ocorrendo aqui?

Esacheu Nascimento – Exatamente. O PMDB tem as diferentes instâncias como qualquer partido, o partido tem o diretório municipal formado por 73 membros, e depois temos uma executiva com 13 membros. Para cada atividade que um político posso demandar tem que consultar a instância adequada do partido senão não tem sentido, ele não está falando em nome do PMDB. Nós temos feito críticas a determinadas iniciativas administrativas como na última terça-feira em que o próprio prefeito [Nelson Trad Filho] reconheceu e veio a público com uma posição porque nós temos, enquanto partido, a obrigação de fazer a crítica no sentido de redirecionar o posicionamento do administrador público ou mesmo do vereador nas suas iniciativas na Câmara. Senão, não precisava de partido político era só ir ao cartório eleitoral e registrar a candidatura. A democracia se faz com partidos políticos.

Jornal de Domingo - Existe alguma chance do partido lançar candidato mesmo que apartado de um projeto do governador?

Esacheu Nascimento – O governador André Puccinelli é a principal liderança do PMDB em Mato Grosso do Sul. Mas, todos sabem que ele tem compromissos com outros 14, 15 partidos políticos. O que nós estamos fazendo é um trabalho para que o governador fique do nosso lado. Nós queremos sim, um candidato do PMDB que apóie os candidatos a vereadores do PMDB preferencialmente em relação a candidatura de outros partidos. Eu quero te dizer que a eleição em Campo Grande é decidida em dois turnos e vamos disputar com os candidatos do nosso partido. Hoje os candidatos que são da base aliada podem disputar e vamos nos encontrar num segundo turno, caso haja um eventual percentual que impossibilite a eleição no primeiro turno.

Jornal de Domingo – Há a possibilidade novamente de uma outra eleição com chapa pura?

Esacheu Nascimento – Em política tudo é possível. Eu só acho que foi antecipado o debate aqui em Campo Grande nessas eleições e o momento é de preparar o partido, de fazer discussão interna e de construir uma proposta de administração pública. A questão de colocação de candidatos, de chapa pura ou coligações é no momento que vai anteceder as eleições e já seria em maio, junho de 2012. Mas, tem muito chão pela frente e muitos fatos podem ainda acontecer. Para definir os nomes eleitos pelo partido será feita a partir do mês de outubro, pesquisa quantitativa e qualitativa só deve ser feita a partir do mês de outubro porque estamos aguardando, primeiro esse cenário nacional e que vai acontecer com a reforma política. Depois também a definição de quem fica no partido? Quem sai? Quais os novos nomes que vem para o partido e aí a partir de então, desencadeia-se o processo de pesquisas.

Eu particularmente sou daqueles que vê a pesquisa como uma radiografia do momento. Eleições se ganha com a capacidade de articulação e convencimento da proposta que ele vai levar aos eleitores e isso pode ser construído durante a campanha e não necessariamente antes. Muitas vezes, se equivoca se escolhemos um candidato em razão apenas da pesquisa. Sem analisar o conjunto dos fatos políticos. Mas, se o candidato tem a capacidade de discutir com a sociedade o seu projeto de atuação, isso será determinante na escolha dele. Te dou um exemplo, o próprio governador André Puccinelli quando foi candidato a prefeito de Campo Grande, ele aparecia com dois porcento das intenções de voto contra mais de 20% dos oponentes, e, ganhou as eleições. Conseguiu articular melhor com as lideranças, conseguiu criar uma empatia com o eleitor.

Jornal de Domingo - O PMDB apoiar um nome de um partido pequeno, não causaria uma certa decepção numa faixa da população que acompanha a legenda há muitos anos?

Esacheu Nascimento – Na última terça-feira saiu o resultado nacional do ranking dos partidos políticos. O PMDB tem no Brasil mais de 2,3 milhões de filiados. O partido que vem mais próximo tem 1,4 milhão de correligionários. De forma que isso não é gratuito. É pelo capital político que o PMDB conseguiu reunir ao longo desses 45 anos e essa história não pode ser relegada em segundo plano. De forma que até pela lei da física são os astros menores que giram em torno dos maiores. Então, em Campo Grande e em Mato Grosso do Sul, o PMDB possui um número de filiados de lideranças simpáticas ao PMDB, muito maior do que de outros partidos. Então, é justo que continuemos a liderar e encabeçar a chapa para prefeito.

Jornal de Domingo - Os nomes do PMDB são inferiores aos outros de legendas diferentes para serem desprezados?

Esacheu Nascimento – Absolutamente. O PMDB possui nomes tão bons quanto de qualquer outros partidos que estão sendo comentados pela imprensa, mas volto a insistir que se há um bom projeto político e um partido motivado e estruturado, não é um nome que fará a diferença. Qualquer peemedebista idôneo com um nível de inteligência para liderar o nosso município pode ser escolhido na convenção para ser o nosso candidato. Mas, não temos realmente uma preocupação como a que está sendo colocada em relação a nós. O governador tem todo o direito de escolher preferidos dentro dessa frente de 15 partidos que o apóiam, no entanto, o governador nunca deixou de debater internamente e de atender a decisão majoritária do partido. Ele pode com a distância que estamos dessas eleições manifestar essas pré-disposição por esse, ou por aquele nome dentro dos partidos que compõem a sua base. Mas o compromisso maior do governador é e deve ser com o PMDB. Portanto, se nós com nosso trabalho interno viabilizarmos uma candidatura, eu tenho certeza que o governador não vai faltar com uma candidatura do PMDB.

Jornal de Domingo - Como tem sido as conversas com o governador sobre candidatura própria, ele tem recomendado que vocês abdiquem do direito de lançar candidato?

Esacheu Nascimento – Absolutamente. Internamente nós temos discutido a questão da fidelidade partidária, e o governador tem se alinhado no compromisso da fidelidade partidária com o PMDB. Aonde o PMDB tiver condições de lançar candidatos, ele assumiu esse compromisso de apoiar os candidatos do PMDB. Haverão exceções nos 78 municípios, mas sempre fazendo prevalecer interesses do maior partido que tenham candidatura viável.

Jornal de Domingo - O não lançamento de um candidato aqui, pode iniciar um processo de decadência da legenda na capital?

Esacheu Nascimento –Absolutamente. Primeiro porque nós não trabalhamos com a tese de não lançamento de candidato. Depois, nós temos os candidatos a vereadores. Campo Grande deverá ter de 31 a 39 candidatos a vereadores na próxima eleição, em 2012, e o PMDB está estruturado dentro da Capital. Nós temos hoje, mais de 12 mil filiados, temos todos os movimentos do partido PMDB Afro, a Juventude, o PMDB Mulher, enfim, nós atuamos em todos os bairros de Campo Grande, oferecendo cursos de formação política que desde uma associação de bairro até uma universidade. Eu acredito que o PMDB, nessas eleições sairá mais fortalecido no Mato Grosso do Sul, em Campo Grande e no Brasil. O PMDB elegeu 1257 prefeitos em todo o Brasil e estamos dentro de um projeto nacional do partido de superar essa marca em 2012. Mato Grosso do Sul não ficará de fora. Queremos superar essa marca, para isso estamos realizando reuniões em todas as capitais com todos os presidentes dos diretórios municipais e preparando os mediadores que estão aplicando em todos os municípios os cursos de política do partido.

Com isso, nós queremos unificar a linguagem do PMDB, qualificar os quadros do partido, a sociedade vai ter nos candidatos do partido uma pessoa que tenha a exata noção do que seja administração pública, uma postura ética no exercício do cargo público e com isso, nós queremos que os nossos candidatos sejam vistos com uma visão diferenciada no exercício da função pública. Nós não vamos oferecer vagas de candidatos para quem não fizer previamente o curso de formação política. Exatamente, em respeito a sociedade e ao eleitor que vem exigindo uma melhoria da qualidade da política e dos políticos. Em uma pesquisa nacional, 80% dos eleitores não confiam nos políticos. Nós precisamos reverter isso. A política é essencial na vida de todas as pessoas e para a permanência de um estado democrático de direito da verdadeira democracia.

Agora para isso, os partidos políticos tem a responsabilidade de qualificar os seus candidatos. Nós estamos fazendo a nossa parte! Realizamos esses cursos há dois anos e meio. Cerca de 4.774 pessoas já passaram e/ou estão realizando os cursos e em nível de Brasil, 250 mil pessoas e o projeto do PMDB é chegar em dezembro desse ano com mais de 300 mil pessoas no país. Aqui no estado, nós temos um objetivo de atingir mais 1,3 mil pessoas que são candidatos pelo PMDB. Todos vão passar pelos cursos de formação da Fundação Ulisses Guimarães.

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