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Entrevista A

'O futuro a deus pertence', diz o senador Antônio Russo

19 junho 2011 - 05h32Roberto Medeiros

O ex-açougueiro que se tornou pecuarista e dono do frigorífico Independência, Antônio Russo, aos 70 anos de idade, começa um novo desafio agora como novo senador de Mato Grosso do Sul pelo PR. No cargo, ele diz que fará de tudo para dignificar a cadeira deixada pela senadora tucana Marisa Serrano e tem como meta fortalecer o agronegócio no estado. Veja a entrevista na íntegra:

Jornal de Domingo – O senhor assume nesta semana um mandato na Câmara alta, um cargo cobiçado e importante dentro da estrutura política da República. Como o senhor vê um ex-açogueiro que chega a um cargo dessa envergadura?

Antônio Russo – Minha atividade sempre foi comercial nunca foi política, eu vejo no Senado, um já foi governador, prefeito, eu realmente comecei trabalhando comercialmente em açougue, distribuição até que me mudei para Nova Andradina, no ano de 72, faz 40 anos que eu estou aqui. Em Campo Grande moro há seis anos. Como já tivemos um metalúrgico presidente podemos ter um açougueiro senador também. O importante é me preparar para representar o estado. A maior parte da minha vida passei em Mato Grosso do Sul e eu quero fazer tudo para dignificar o cargo da Marisa e, consequentemente trabalhar com aquilo que eu conheço que é o agronegócio, a criação, e os interesses do estado com a reforma política, já que somos um estado extremamente agrícola.

Jornal de Domingo – O senhor assume um cargo, após a empresa que o senhor administra sofrer problemas de ordem econômica, hoje por exemplo, ela vive um processo de recuperação judicial. O seu mandato de senador é um mandato, desvalorizado por esse tipo de problema? O senhor assume em Brasília já com um desgaste que normalmente quem chega ao cargo não tem?

Antônio Russo – Não. Não vejo assim. Aqui houve diversas empresas que não estavam em nome de uma família, e as pessoas simplesmente deixaram prejuízos enormes. Eu não tenho esse problema. Meus filhos tiveram a dignidade de fazer uma recuperação judicial transparente, listada no site do frigorífico. Ela já conseguiu pagar 76% dos pecuaristas e 98% dos fornecedores de insumo e espero que até o final do ano, esteja tudo resolvido e, eu não vejo essa condição de entrar, justamente pelo apoio ontem, por exemplo, no meu apartamento, nós estávamos entre oito pecuaristas, três dos quais são credores da empresa. Também recebi apoio da Famasul, da Associação Rural Brasileira de seus presidentes e de vários pecuaristas que me honraram porque este é o meu setor.

Jornal de Domingo – Na linha mais pesada de quem antipatia pela sua posse, em Brasília, como empresário existem boatos relatando certa ‘esperteza’, explicando porque o frigorífico Independência apresentou problemas. É verdade que o senhor comprou apartamento em Paris, tem dinheiro fora do país, paga R$ 250 mil por boi no pasto, o que é verídico nisso tudo? Houve uma enriquecimento do senhor paralelo aos problemas do Independência?

Antônio Russo – Não. Não houve nada. Há 40 anos, eu milito na área de pecuária e de frigorífico há 16 anos. Eu estou fora do frigorífico, mas assumo todos os atos dos meus filhos. Não fujo disso. Não deixei de ser pai em momento nenhum. Eu gostaria até de ter esse apartamento em Paris e gostaria de ter todos esses bois e terras que eles falam. Eu sou um pecuarista médio, que sobrevive disso há muitos anos. Quando tive problemas de saúde em 2004, eu me dediquei só a isso. Não freqüentei mais o frigorífico por um problema de saúde e de ordem pessoal que me impediram de ter os embates dentro da empresa. Continuei só com a parte de pecuária e continuo nesses 40 anos.

Jornal de Domingo – 76% das suas pendências judiciais já foram quitadas, e se faltam 24%, com certeza grande parte de Mato Grosso do Sul torce para que o Independência volte a operar em plena carga porque é uma empresa que sempre esteve ligada ao desenvolvimento do estado. A sua posse como senador, influência política do cargo, pode ajudar positivamente esse processo de recuperação?

Antônio Russo – Não. Porque a recuperação está ainda caminhando e deve ter nova assembléia agora em julho, está bem conduzida, inclusive os pequenos e médios pecuaristas é que compõem esses 76%. Isso foi acordado em assembléia geral com as maiores lideranças pecuárias e os maiores credores que fossem pago, em primeiro lugar, os pequenos e médios pecuaristas.

Jornal de Domingo – O BNDES te negou a segunda parte do empréstimo, antes de ele ter acontecido. Como senador, será que esse empréstimo continuará sendo negado?

Antônio Russo – Eu não sei como está hoje, esta parte da empresa com o BNDES, eu não acredito e nem vou me posicionar para isso, porque eu tenho que ter a dignidade da cadeira da senadora em primeiro lugar, ela jamais faria isso. Eu não usar essa cadeira para isso. Mas, posso, te garantir que o BNDES tem já direcionado e já tinha determinado alguns anos atrás os seus preferidos e até hoje, ele continua dessa forma. Não acredito que eu como senador possa mudar a história do Independência, do Bertin e da Sadia. Ambos foram incorporados na mesma época, mas o Independência não teve essa felicidade.

Jornal de Domingo – O senhor assume o mandato graças a uma manobra política do governador, André Puccinelli, que fez aguindou ou levou dependendo da natureza política, a senadora para o Tribunal de Contas. O senhor deve muito mais o cargo aos eleitores que votaram por gravidade na senadora e no senhor como suplente? Ou na força política do governador? A quem o senhor deve satisfação em primeiro lugar?

Antônio Russo – Primeiro lugar eu devo satisfação ao meu guru Londres Machado e ao meu padrinho Paulo Correa. Não devo nada ao governador. Simplesmente na época pela verticalização, acordou com Londres que o meu nome era definido pela verticalização para suplência do PR, na coligação do governador, e foi isso que aconteceu. A influência de político não tem. Num primeiro momento fui pego de surpresa por esse desprendimento da senadora de querer, e eu sempre fui contra isso. Agora quanto a voto, eu concordo porque, eu sou contra a suplência sem voto. Se tiver uma votação amanhã no Senado, eu votarei contra o a suplência de senador de outra legenda.

Jornal de Domingo – O senhor assume um mandato que finda em 2015. O senhor pensa na possibilidade de tentar uma reeleição, ou um mandato político para assumir outro cargo no futuro? Existe a possibilidade do Toninho Russo ser deputado federal ou estadual daqui três anos?

Antônio Russo – Como bom político diria que o futuro a deus pertence. Mas, eu sou um homem de 70 anos com uma trajetória de vida relativamente feliz. Sou casado há 48 anos com a mesma esposa, tenho três filhos, sete netos, alguns na faculdade. Não sei. Não esperava essa possibilidade, mas deus quis assim, pode ser. Daqui há três anos é um outro momento.

Jornal de Domingo – O senhor retorna ao partido pelo qual o senhor foi eleito o PR? Já está definido?

Antônio Russo – Sim. Já esta definido. Nesta quinta-feira tive um encontro com a Marisa e na última sexta-feira me encontrei com o governador. Na quarta-feira recebi uma ligação do Paulo Correa, já assinei a ficha com senador pelo PR. E acredito que todos os meus atos serão semelhantes ao da senadora. De acordo com o que for ocorrendo com os projetos da senadora, vão ocorrendo os meus. A renúncia e todos os procedimentos a serem tomados.

Jornal de Domingo – Em andamento a senadora tem mais de 50 projetos em várias áreas como é que o senhor vai trabalhar agora?

Antônio Russo – Eu pretendo dar continuidade a todos os projetos. Eu devo ir segunda-feira para Brasília com ela, e vou pegar todos os projetos em andamento, dar continuidade, mas a minha atenção será a fronteira, reforma florestal, as posição do Incra e dos índios no estado. Nós temos um trabalho em nível nacional que só no Senado pode ser resolvido, esse será o meu enfoque.

Jornal de Domingo – A primeira aparição sua de natureza política ocorreu no programa eleitoral do presidente Lula que surpreendeu muita gente. Essa ligação de amizade com o ex-presidente continua existindo? Isso vai ter influência no seu mandato?

Antônio Russo – Eu sempre respeitei muito o Lula. Fui apresentado por intermédio do governador Zeca do PT e tenho um verdadeiro respeito pelo ex-presidente e estou surpreendido pelo governo da Dilma Roussef tanto que não me nego a fazer parte do apoio e continuo tendo amigos do PT. Talvez hoje seja o partido em que eu tenho mais amigos desde vereadores até o Lula. Porém eu não conheço pessoalmente a Dilma.

Jornal de Domingo – Existem algumas figuras da política de algumas entidades representativas tanto da Assembleia quanto do seu segmento que criticaram mordaz a possibilidade do que está acontecendo hoje vir a acontecer. Como é que o senhor viu esse tipo de crítica e de ataques?

Antônio Russo – Olha o Paulo Duarte foi um excelente secretário de Fazenda e está sendo um excelente deputado e Pedro Kemp é um professor, um gentleman [expressão em inglês para cavalheiro]. Eu acho que está no papel dele que tem que fazer oposição. Sofreu tanto a oposição que ele tem que fazer. Quanto ao presidente da Acrissul, senhor Francisco Maia, eu não o conheço, mas me parece muito talentoso e gostaria que ele tivesse junto com a oposição que está tendo e juntar esses dois talentos para fazer uma Acrissul forte como a Famasul. Eu não o conheço. Eu sei que esse clima de eleição pelo que está passando faz com que ele se expresse assim, mas eu não o conheço e ele não conhece bem a realidade dos meus negócios, talvez por informações pense isso. Mas ele deve ser uma boa pessoa, muito inteligente, mas devo estar com ele depois das eleições que ele passar. Vamos conversar e passar para ele informações minhas e da empresa dos meus filhos e vamos ver que juntos defenderemos o agronegócio e os criadores do estado.

Jornal de Domingo – O PSDB partido da senadora tem uma base forte no estado com 14 prefeitos, vereadores em vários municípios, deputados, o senhor ocupará o lugar de Marisa e vai tentar puxar os votos para o PR?

Antônio Russo – Olha eu conversei com a Marisa agora e a primeira atitude minha e pelo meu histórico político, porque perto da Marisa ele é muito pequeno, eu vou entrar em contato com todos os prefeitos e presidentes das Câmaras de Vereadores de todos os partidos e colocar o gabinete a disposição deles. E a partir de agora sou senador de Mato Grosso do Sul. Vou estar aberto a todos os partidos e devo conversar com todos e devo reivindicar o que for para todos os prefeitos. Não posso ter distinção partidária porque não me compete agora já entrar com um só caminho.

Jornal de Domingo – Mas, o senhor concorda que há uma tendência de flexibilização partidária.

Antônio Russo – Logicamente que PSDB e PR estarão mais chegados. Historicamente na minha trajetória política que é pequena, eles terão minha atenção porque eu já os conheço.

Jornal de Domingo - Isso facilitaria também o apoio do senhor a uma pré-candidatura de Edson Giroto como prefeito de Campo Grande?

Antônio Russo – Falei com Edson na última quarta a noite, até pela origem italiana que temos. Nós temos diversos nomes como o de Giroto, Reinaldo Azambuja, Antônio João e diversos nomes que temos que ter respeito.

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