Em agosto de 2011 se encerra o ano internacional da juventude, proclamado pela Organização das Nações Unidas. O final de um ciclo é sempre um convite a refletir e nesse caso não há como ser diferente. Afinal, a juventude pode representar uma grande ameaça ou um grande potencial para uma sociedade. É dela que depende o futuro daquilo que nos é caro, do mundo com o qual queremos contribuir, do mundo em que nossos filhos e netos viverão.
Este ano, alinhada à proposta da ONU de pensar a juventude, a Aliança Cooperativa Internacional sugeriu para o dia internacional do cooperativismo, comemorado sempre no primeiro sábado de julho, o tema “Juventude: futuro do cooperativismo”. A proposta foi de lançar o desafio de apresentar aos jovens todo o potencial que o cooperativismo tem de ser um caminho ético e sustentável.
Se fizermos o exercício de lembrar os nossos sonhos e percepções de mundo quando jovens, certamente perceberemos que a coletividade e os princípios de grupo eram muito importantes. Nessa fase, é forte o sonho de disseminar valores que podem fazer nosso mundo melhor. É forte também a noção de coletividade como instância superior ao indivíduo isolado.
No entanto, conforme se dá o processo de inserção no mercado de trabalho e nas instituições que a ele se voltam, o discurso predominante combate esse sonho, apontando como único caminho possível para sobreviver a competição de todos contra todos. Muitas vezes esse discurso vence a esperança, fazendo com que ideais de coletividade pareçam tolos ou muito frágeis.
Na mão contrária, o cooperativismo se apresenta como uma alternativa à esperança juvenil. Isso porque se trata de um sistema econômico que se propõe a enfrentar os desafios do mercado sem deixar de promover a coletividade e os princípios que norteiam o seu desenvolvimento. Ele carrega consigo os desafios e aprendizados coletivos que tanto prezamos quando jovens, sem cair na visão ingênua de que não existe concorrência e de que não é preciso superar continuamente os próprios limites. É o cooperativismo que tem maior potencial de canalizar a energia da juventude, favorecendo não só o lado humano, mas também o econômico, de forma coletiva.
A proposta da ACI nos convida a pensar a juventude independentemente de faixas etárias ou situação familiar; mas como potencial de desenvolvimento do futuro cooperativista. Pensar o jovem hoje nos permite aproveitar seus potenciais, diversificar as ideias de desenvolvimento do negócio e promover a sustentabilidade da organização. Ao mesmo tempo, oferece esperança àqueles que se identificam com seus princípios, mostrando que não precisam abrir mão deles para sobreviver no mercado.
Luciana Santos é analista de projetos sociais do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo (Sescoop/SP)
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