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Opinião

A opção pela comida

15 junho 2013 - 00h00Ciro Antonio Rosolem
Recentemente foram publicados, na revista Science, resultados de um estudo desenvolvido por cientistas de diversos países, ligando o declínio da civilização Maia a uma mudança climática que resultou em secas importantes na região. Apesar de terem disponível um sistema de irrigação invejável. Com isso a produção agrícola declinou e a então super desenvolvida civilização entrou em colapso. Parece que a história foi mais ou menos assim: o declínio da produção agrícola, e a consequente fome, abalou a fé da população e dos políticos nos sacerdotes, o que gerou conflitos que acabaram por minar toda a sociedade. O início do fim. Há alguns anos foi divulgado que só 8% de países com os menores níveis de fome estão envolvidos em conflitos, enquanto que 56% dos países com os mais altos níveis de fome estão têm conflitos civis.

Consta ainda que quando o primeiro submarino nuclear foi lançado ao mar, há algumas décadas, ao ser indagado por quanto tempo a nave poderia ficar submersa, sem reabastecimento, o capitão teria respondido: - até que a comida acabe. Outra história: Jamestown, uma cidade onde hoje é o estado de Virginia, nos Estados Unidos, foi fundada em 1607, pelos primeiros colonos ingleses que lá aportaram. Implantaram um modelo de produção agrícola coletiva. A propriedade era comunitária, e o fruto do trabalho era dividido. Sem estímulo para o trabalho, os colonos eram incapazes de produzir alimento suficiente para o inverno, ou períodos de estiagem. Isso teria resultado em fome e, segundo dedução dos arqueólogos, em canibalismo.

Todos esses fatos têm um ponto em comum.  A falta de comida desestabiliza governos e até civilizações, gera guerras. Muda o comportamento humano, que pode passar a animalesco. Podemos então pensar: até quando poderemos viver na terra? Como poderemos viver em paz? Até que ponto nossa civilização pode se desenvolver? A resposta seria: enquanto tivermos comida. Ou melhor, enquanto tivermos comida a preços baixos o suficiente para que todos tenham acesso.

Traduzindo em outras palavras, precisamos de políticas e ações econômicas que resultem em agricultura mais eficiente, uma vez que a urbanização da população deixa cada vez menos gente para produzir no campo. A cada bebê que nasce, precisamos aumentar um pouco a produtividade e a eficiência da agricultura, uma vez que a extensão de terra apta disponível se esgota rapidamente. É necessário muito critério, muito conhecimento, para que possamos garantir o desenvolvimento pacífico da população humana. A defesa intransigente e ideológica da dicotomia entre agricultura e ambiente poderá resultar, com o tempo, em falta de alimentos, ou alimentos mais caros. E se, no futuro, for necessário avançar sobre terras hoje sob conservação? A opção será pela comida? Não seria melhor pensarmos nisso agora?

Ciro Antonio Rosolem - membro do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS) e professor titular da Faculdade de Ciências Agrícolas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FCA/Unesp Botucatu).

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