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Opinião

Transporte público no Brasil: agressão, desrespeito, humilhação!

17 fevereiro 2014 - 00h00Fábio Trad
Números e estatísticas não podem medir desrespeito e humilhações.

Mesmo assim, neste caso, alguns números, ainda que não definam as proporções do drama cotidiano de milhões de pessoas, referem algumas dimensões da caótica situação do transporte público no Brasil.

Os sistemas degradados de transporte público nas nove maiores regiões metropolitanas do País drenam nada menos que 2,5% do Produto Interno Bruto, ao impor a 16 milhões de trabalhadores, tempo médio de uma hora e 22 minutos por dia em condução geralmente de péssima qualidade.

No Rio, segundo a Federação das Indústrias, Firjan, os prejuízos anuais com engarrafamentos chegam a 27 bilhões de reais, dinheiro que daria para construir a linha quatro do Metrô Rio, entre Ipanema e Barra da Tijuca.

No vexatório ranking das dez cidades com trânsito mais caótico do planeta, o Brasil emplaca o terceiro lugar, com o Rio, e o sétimo, com São Paulo.

O placar torna-se ainda mais ameaçador quando a Organização Mundial de Saúde informa que seis milhões de pessoas morrem por ano, vitimas da poluição severamente agravada pelo trânsito caótico.

Todos esses números, e quantos mais se enfileirassem aqui, não dariam conta da degradação do transporte público no Brasil. E, menos ainda, da atrocidade contínua, quotidiana, que o poder público comete contra milhões de trabalhadores brasileiros. Como dissemos, humilhação e desrespeito não se podem quantificar por números.

A deterioração dos transportes públicos no Brasil, há muito tempo deixou de ser um ‘privilégio às avessas’ das grandes regiões metropolitanas, alcançando, em metástase, até mesmo cidades médias.

Muito mais do que os números, as imagens de recentes reportagens expuseram o drama sem fim de milhões de trabalhadoras e trabalhadores submetidos à degradante condição de manada, pela disputa insana de um lugar em uma condução - que só merece tal nome porque, tracionada por improvável motor, leva suas ‘vítimas’ de um a outro ponto. Isso quando não emperra no trajeto.

Não é possível que se perpetue esse trágico espetáculo de barbárie a que são submetidos milhões de trabalhadoras e trabalhadores todos os dias, ao se atirarem, com o risco da própria vida, em busca de uma chance de chegar ao trabalho.

Impor a esses milhões de brasileiros a perversa pena quotidiana de humilhação por uma chance de serem arrastados até o trabalho, e agregar-lhes o castigo de trabalharem todo o dia sob a tensa expectativa da fatídica volta pra casa, constitui uma ignomínia, uma violentação humana e social de que o governo, em todas as instâncias, não tem como se isentar.

A caótica situação do transporte é apenas a parte mais flagrante, desumana e cruel da degradação progressiva dos serviços públicos essenciais.

As dezenas de milhões de usuários-reféns do transporte público esperam que o governo libere, sem demora, o trem da sensatez e do respeito à dignidade individual dos brasileiros.

Fábio Trad - advogado e deputado federal pelo PMDB

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